sexta-feira, 25 de junho de 2010

GOA - 50 anos depois

Prefácio



Da minha janela virada para o mar, em noite de lua cheia sobre o Oceano Índico, por onde as frágeis caravelas de Vasco da Gama singraram mares nunca dantes navegados, em busca da Cristandade e especiarias da Índia, há cinco séculos, navegando com a minha vista já cansada e saúde esvaída pelos anos, procuro divisar agora para além do azul do firmamento a Pátria distante que se sumiu há cinco décadas…
Como dizia sinto uma onda de nostalgia e saudade a invadir-me a alma, feita de lembranças e recordações.
As lembranças humanas e culturais dissipam-se cada vez mais e o mundo elíptico e redondo como a lua que alcançámos vão-se esvaindo cada vez mais.
E a emoção da alma, no momento que passa, cresce com maior vivacidade quando o meu velho amigo Professor António Borges da Cunha, companheiro dos bancos da Escola Normal “Luís de Camões” na cidade de Pangim, a capital do velho Império das Índias e depois colega no ofício de publicações como a “Revista Académica”, autor de várias publicações em prosa e verso e acima de tudo um dos meus melhores amigos sinceros me pede para escrever umas linhas, à guisa de prólogo, para o seu livro “Goa – 50 anos depois”.
Agradeço o convite de bom grado do fundo do coração, sempre grato e apesar das limitações da minha competência para tão grande missão, pois não posso recusar-lhe o pedido pela alta camaradagem e amizade que lhe devo e que nos une há cinco décadas, quando os seus amigos em Portugal poderiam fazer-lhe melhor justiça e com maior destreza.
A primeira vez que o conheci, se a memória não me atraiçoa, foi naquele distante ano de 1958, no “Liceu Afonso de Albuquerque” em Pangim ao prestarmos exames e pelo facto dos nossos nomes se iniciarem da mesma forma “António”.
E como se o destino nos seguisse no mesmo trilho lá estava o Borges para o exame de admissão à “Escola Normal Luís de Camões”, onde mais tarde viemos a conhecermo-nos melhor, durante a frequência do 1.º Ano.
Ficaram na lembrança a sua vivacidade tecendo argumentos com a Professora D. Ester de Meneses e D. Fanquita deixando antever a sua já vasta bagagem cultural revelando o seu espírito de conciliação académica.
Acabado o primeiro ano o Borges regressou com o seu batalhão à Pátria, mas Goa e os seus amigos ficaram profundamente instalados no seu íntimo.
Convidado a celebrar as bodas os vinte e cinco anos do curso com um encontro de confraternização enviei-lhe um convite que foi correspondido via Fax, recebido em Margão, no Banco de Barodá pela minha saudosa esposa Maria de Sousa, numa friorenta manhã de Dezembro de 1985, provocando grande alegria entre os seus amigos.
Em 1992 cá estava o Borges, de novo tendo ido visitar-me ao banco de Barodá, em Velim, cuja gerência tinha a meu cargo.
O número dos seus amigos aumentava sempre com as suas visitas a Goa.
Finalmente em Janeiro de 2008 o Borges reapareceu como um cometa nos céus de Goa. Já aposentado e graças à reputação que gozava nos círculos governamentais de Goa foi possível dispensar-lhe tratamento condigno a uma pessoa de alta patente humana e que foi largamente noticiado na televisão e imprensa de Goa e até de Portugal.
Refiro-me à recepção dispensada ao Prof. Borges, no velho Palácio do Cabo, por Sua Excelência o Governador SR. S. C. Jamir, pelo Ministro-chefe de Goa Digabar Kamat e membros do Parlamento do sul de Goa, Sr. Francisco Sardinha, advogado, Sr. Ramakanta Khalap, Ex-ministro da Justiça da Índia aos quais ofereceu em nome da Câmara Municipal de Leiria os medalhões da Cidade com o seu lindo castelo.


Goa, 1 de Agosto de 2009
José de Sousa

Contacto: 966467450



Na Imprensa






Ficha Técnica:



Prefácio: José Sousa



Páginas:144



Concepção Gráfica: Folheto Edições & Design



Capa: Lorenz studios - Margão - Goa



Depósito Legal: 301 026/10



ISBN: 978-989-8158-64-2

3 comentários:

  1. António Borges da Cunha26 de junho de 2011 às 12:14

    A ideia que tentei passar não é precisamente a que vem no comentário.Quem em 1951 falou em populações de cor foi Gilberto Freyre como se pode ler na página 73.
    No livro faço comparações, especialmente culturais, com as colónias portuguesas para demonstrar que Goa era um caso à parte pela sua cultura, pelo seu povo e por tudo o que em Goa se construíu.
    Goa foi um farol cultural no Oriente, nela nasceram muitos homens célebres culturalmente, facto que não se verifica em nenhuma outra colónia.
    Aqui a palavra colónia emprega-se unicamente para poder comparar Goa com...
    "Novo Reino que tanto glorificaram"...
    Foi pena que os políticos desde 1843. (página 99)

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  2. Quando da expansão ultramarina, sabemos mt bem que o oriente tinha civilizações, era desenvolvido em relação aos continentes americano e africano. Goa, Velha Goa, sofreu o processo de miscegenação, logo com o Afonso de Albuquerque. Brasil tb sofreu um grande processo de miscegenação, igualmente Macau e Timor em pequena escala. A Africa, devido à sua cultura e clima inóspito, só muito mais tarde ganha alguma evolução cultural através da cristianização e missionação, sobretudo durante o Estado Novo. O conceito colónia é um conceito estranho à Monarquia Portuguesa, ao liberalismo português e ao Estado Novo, apenas com o "desvio" do 25 de Abril de 1974 o termo colónia se generaliza na atual constituição portugesa, quando estes territórios, sobretudo Angola e Moçambique nesta altura se encontravam em franco desenvolvimento e em harmonia com as populações locais. O uso dos europeus, sendo mais desenvolvidos, era um fator necessário. A evolução destes territórios e das suas gentes levou mais tempo, devido ao contexto sócio-político inerente aos mesmos. Já eram constitucionalmente uns anos antes do 25041974 Estados Ultramarinos. Uma grande parte do exercito já era africano na Guiné, Angola e Moçambique. O esforço militar feito até 1974 foi para manter a paz e a unidade desses territórios. Como deve saber, após 1975 Guiné, Angola, Moçambique e Timor entraram em guerra que só acabou há bem pouco tempo,com a destruição das infra-estruturas, economia e matança e deslocação das populações, guerra que durou muito mais do que os 13 anos de guerrilha no ultramar..
    É fácil ver que a moda das independências como solução da melhoria da vida das populações é uma falácia. Os revolucionários de Goa dos meados do séc. X1X se alcançassem independência resolveriam o problema de Goa? Ninguém pode garantir que a União Indiana não ocuparia Goa independente desde então...aliás temos exemplos, Kasmira, Bangladesh, Nepal, etc. são territórios que sofreram e sofrem influências do governo indiano. A história deve-se ler tal como ela está escrita, não devemos reescreve-la, nem podemos dizer que se tivessemos feito a história duma determinada maneira o mundo seria melhor, pois diferente podia ser, o que não é mesma coisa que ser um mundo melhor. É claro a União Indiana ocupou EIP, também é claro que com a chamada descolonização do Ultramar começou a guerra nesses territórios com graves prejuízos a população local e ao seu desenvolvimento, é claro também que o MFA sofreu um desvio dirigido pelos agentes da URSS..e hoje este Portugal está de tanga......

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  3. Aconselho a leitura de "Goa- Os portugueses na India" no blogue anexo a este "Muro de Lágrimas".

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