segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

ARTIGO SOBRE PORTUGAL DUM SOCIÓLOGO FRANCÊS

ARTIGO DE JACQUES AMAURY,
SOCIÓLOGO E FILÓSOFO FRANCÊS, ACERCA DE PORTUGAL
Um artigo de Jacques Amaury, sociólogo e filósofo francês, professor na
Universidade de Estrasburgo.
"Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história que terá
que resolver com urgência, sob o perigo de deflagrar crescentes tensões e
consequentes convulsões sociais.
Importa em primeiro lugar averiguar as causas. Devem-se sobretudo à má
aplicação dos dinheiros emprestados pela CE para o esforço de adesão e
adaptação às exigências da união.
Foi o país onde mais a CE investiu "per capita" e o que menos proveito
retirou. Não se actualizou, não melhorou as classes laborais, regrediu na
qualidade da educação, vendeu ou privatizou mesmo actividades
primordiais e património que poderiam hoje ser um sustentáculo.
Os dinheiros foram encaminhados para auto-estradas, estádios de
futebol, constituição de centenas de instituições público-privadas,
fundações e institutos, de duvidosa utilidade, auxílios financeiros a
empresas que os reverteram em seu exclusivo benefício, pagamento a
agricultores para deixarem os campos e aos pescadores para venderem
as embarcações, apoios estrategicamente endereçados a elementos ou a
próximos deles, nos principais partidos, elevados vencimentos nas classes
superiores da administração pública, o tácito desinteresse da Justiça,
frente à corrupção galopante e um desinteresse quase total das Finanças no
que respeita à cobrança na riqueza, na Banca, na especulação, nos grandes
negócios, desenvolvendo, em contrário, uma atenção especialmente
persecutória junto dos pequenos comerciantes e população mais pobre.
A política lusa é um campo escorregadio onde os mais hábeis e corajosos
penetram, já que os partidos cada vez mais desacreditados, funcionam
essencialmente como agências de emprego que admitem os mais
corruptos e incapazes, permitindo que com as alterações governativas
permaneçam, transformando-se num enorme peso bruto e parasitário.
Assim, a monstruosa Função Publica, ao lado da classe dos professores,
assessoradas por sindicatos aguerridos, de umas Forças Armadas
dispendiosas e caducas, tornaram-se não uma solução, mas um factor de peso
nos problemas do país.
Não existe partido de centro já que as diferenças são apenas de retórica,
entre o PS (Partido Socialista) e o PSD (Partido Social Democrata), de
direita, agora mais conservador ainda, com a inclusão de um novo líder,
que tem um suporte estratégico no PR e no tecido empresarial abastado.
Mais à direita, o CDS (Partido Popular), com uma actividade assinalável, mas
com telhados de vidro e linguagem pública, diametralmente oposta ao que os
seus princípios recomendam e praticarão na primeira oportunidade.
À esquerda, o BE (Bloco de Esquerda), com tantos adeptos como o anterior,
mas igualmente com uma linguagem difícil de se encaixar nas recomendações
ao Governo, que manifesta um horror atávico à esquerda, tal como a
população em geral, laboriosamente formatada para o mesmo receio. Mais à
esquerda, o PC (Partido comunista) menosprezado pela comunicação
social, que o coloca sempre como um perigo latente e uma extensão
inspirada na União Soviética, oportunamente extinta, e portanto longe das
realidades actuais.
Assim, não se encontrando forças capazes de alterar o status, parece que a
democracia pré-fabricada não encontra novos instrumentos.
Contudo, na génese deste beco sem aparente saída, está a impreparação,
ou melhor, a ignorância de uma população deixada ao abandono, nesse
fulcral e determinante aspecto. Mal preparada nos bancos das escolas, no
secundário e nas faculdades, não tem capacidade de decisão, a não
ser a que lhe é oferecida pelos órgãos de Comunicação. Ora e aqui está o
grande problema deste pequeno país; as TVs as Rádios e os Jornais, são
na sua totalidade, pertença de privados ligados à alta finança, à
industria e comercio, à banca e com infiltrações accionistas de vários
países.
Ora, é bem de ver que com este caldo, não se pode cozinhar uma
alimentação saudável, mas apenas os pratos que o "chefe" recomenda.
Daí a estagnação que tem sido cómoda para a crescente distância entre
ricos e pobres.
A RTP, a estação que agora engloba a Rádio e TV oficiais, está dominada
por elementos dos dois partidos principais, com notório assento dos
sociais-democratas, especialistas em silenciar posições esclarecedoras e
calar quem levanta o mínimo problema ou dúvida. A selecção dos
gestores, dos directores e dos principais jornalistas é feita
exclusivamente por via partidária. Os jovens jornalistas, são
condicionados pelos problemas já descritos e ainda pelos contratos a
prazo determinantes para o posto de trabalho enquanto, o afastamento
dos jornalistas seniores, a quem é mais difícil formatar o processo a pôr
em prática, está a chegar ao fim. A deserção destes, foi notória.
Não há um único meio ao alcance das pessoas mais esclarecidas e por
isso, "non gratas" pelo establishment, onde possam dar luz a novas
ideias e à realidade do seu país, envolto no conveniente manto diáfano
que apenas deixa ver os vendedores de ideias já feitas e as cenas
recomendáveis para a manutenção da sensação de liberdade e da prática
da apregoada democracia.
Só uma comunicação não vendida e alienante, pode ajudar a população, a
fugir da banca, o cancro endémico de que padece, a exigir uma justiça mais
célere e justa, umas finanças atentas e cumpridoras, enfim, a ganhar
consciência e lucidez sobre os seus desígnios.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A TRAPEIRA DE JOB

NÃO SE PODE DEIXAR DE LER ESTA ANÁLISE SOCIAL MUITO VERRINOSA E, AINDA POR CIMA,ESCRITA COM MUITO NÍVEL E EM PORTUGUÊS! . . . A trapeira do Job Isto que eu vou dizer vai parecer ridículo a muita gente. Mas houve um tempo em que as pessoas se lembravam ainda, da época da infância, da primeira caneta de tinta permanente, da primeira bicicleta, da idade adulta, das vezes em que se comia fora, do primeiro frigorífico e do primeiro televisor, do primeiro rádio, de quando tinham ido ao estrangeiro.Houve um tempo em que, nos lares, se aproveitava para a refeição seguinte o sobejante da refeição anterior, em que, com ovos mexidos e a carne ou peixe restante se fazia "roupa velha". Tempos em que as camisas iam a mudar o colarinho e os punhos do avesso, assim como os casacos, e se tingia a roupa usada, tempos em que se punham meias solas com protectores. Tempos em que ao mudar-se de sala se apagava a luz, tempos em que se guardava o "fatinho de ver a Deus e à sua Joana".E não era só no Portugal da mesquinhez salazarista. Na Inglaterra dos Lordes, na França dos Luíses, a regra era esta. Em 1945 passava-se fome na Europa, a guerra matara milhões e arrasara tudo quanto a selvajaria humana pode arrasar.Houve tempos em que se produzia o que se comia e se exportava. Em que o País tinha uma frota de marinha mercante, fábricas, vinhas, searas.Veio depois o admirável mundo novo do crédito. Os novos pais tinham como filhos, uns pivetes tiranos, exigindo malcriadamente o último modelo de mil e um gadgets e seus consumíveis,porque os filhos dos outros também tinham. Pais que se enforcavam por carrões de brutal cilindrada para os encravarem no lodo do trânsito e mostrarem que tinham aquela extensão motorizada da sua potência genital. Passou a ser tempo de gente em que era questão de pedigree viver no condomínio fechado e sobretudo dizê-lo, em que luxuosas revistas instigavam em couché os feios a serem bonitos, à conta de spas e de marcas, assim se visse a etiqueta, em que a beautiful people era o símbolo de status como a língua nos cães para a sua raça. Foram anos em que o campo se tornou num imenso ressort de turismo de habitação, as cidades uma festa permanente, entre o coktail partye a rave. Houve quem pensasse até que um dia os serviços seriam o único emprego futuro ou com futuro.O país que produzia o que comíamos ficou para os labregos dos pais e primos parolos, de quem os citadinos se envergonhavam, salvo quando regressavam à cidade, vindos dos fins de semana com a mala do carro atulhada do que não lhes custara a cavar e, às vezes, nem obrigado. O país que produzia o que se podia transaccionar esse ficou com o operariado da ferrugem, empacotados como gado em dormitórios e que os víamos chegar, mortos de sono logo à hora de acordarem, as casas verdadeiras bombas relógio de raiva contida, descarregada nos cônjuges, nos filhos, na idiotização que a TV tornou negócio.Sob o oásis dos edifícios em vidro, miragem de cristal, vivia o mundo subterrâneo de quantos aguentaram isto enquanto puderam, a sub-gente.Os intelectuais burgueses teorizavam, ganzados de alucinação, que o conceito de classes sociais tinha desaparecido. A teoria geral dos sistemas supunha que o real era apenas uma noção, a teoria da informação substituía os cavalos-forçada maquinaria industrial pelos megaby tesde RAM da computação universal. Um dia os computadores tudo fariam, o ser humano tornava-se um acidente no barro de um oleiro velho e tresloucado, que caído do Céu, morrera pregado a dois paus, e que julgava chamar-se Deus,confundindo-se com o seu filho ungénito e mais uma trinitária pomba.Às tantas os da cidade começaram a notar que não havia portugueses a servir à mesa, porque estávamos a importar brasileiros, que não havia portugueses nas obras, porque estávamos a importar negros e eslavos.A chegada das lojas dos trezentos já era alarme de que se estava a viver de pexibeque, mas a folia continuava. A essas sucedeu a vaga das lojas chinesas, porque já só havia para comprar «balato». Mas o festim prosseguia e à sexta-feira as filas de trânsito em Lisboa eram o caos e até ao dia quinze os táxis não tinham mãos a medir.Fora disto, os ricos, os muito ricos, viram chegar os novos ricos. O ganhão alentejano viu sumir o velho latifundário absentista, trocado pelo novo turista absentista com o mesmo monte mais a piscina e seus amigos, intelectuais claro, e sempre pela reforma agrária e vai um uísque de malte, sempre ao lado do povo e já leu o New Yorker?A agiotagem financeira essa ululava. Viviam do tempo, exploravam o tempo,do tempo que só ao tal Deus pertencia mas, esse, Nietzsche encontrara-o morto em Auschwitz. Veio o crédito ao consumo, a conta-ordenado, veio tudo quanto pudesse ser o ter sem pagar. Porque nenhum banco quer que lhe devolvam ocapital mutuado quer é esticar ao máximo o lucro que esse capital rende. Aguilhoando pela publicidade enganosa os bois, que somos nós todos, os bancos instigavam à compra, ao leasing,ao renting ao seja como for desde que tenha e já, ao cartão, ao descoberto autorizado.Tudo quanto era vedeta deu a cara, sendo actor, as pernas, sendo futebolista, ou o que vocês sabem, sendo o que vocês adivinham, para aconselhar-nos a ir àquele balcão bancário buscar dinheiro, vender-mo-nos ao dinheiro, enforcar-mo-nos na figueira infernal do dinheiro. Satanás ria. O Inferno começava na terra. Claro que os da política do poder, que vivem no pau de sebo perpétuo do fazear arrear, puxando-os pelos fundilhos, quantos treparam para o mando, querem a canalha contente. E o circo do consumo, a palhaçada do crédito servia-os. Com isso comprávamos os plasmas mamutes onde eles vendiam à noite propaganda governamental, e nos intervalos, imbelicidades e telefofocadas que entre a oligofrenia e a debilidade mental a diferença é nula. E contentes, cretinamente contentinhos, os portugueses tinham como tema de conversa a telenovela da noite, o jogo de futebol do dia e da noite e os comentários políticos dos "analistas" que poupavam os nossos miolos de pensarem,pensando por nós.Estamos nisto.Este fim de semana a Grécia pode cair. Com ela a Europa.Que interessa? O Império Romano já caiu também e o mundo não acabou. Nessa altura em Bizâncio discutia-se o sexo dos anjos. Talvez porque Deus se tivesse distraído com a questão teológica, talvez porque o Diabo tenha ganho aos dados a alma do pobre Job na sua trapeira. O Job que somos grande parte de nós.
Publicada por José AntónioBarreiros

sábado, 14 de janeiro de 2012

Mário Crespo: Imaginem


Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete
empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e
prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente
dos resultados.

Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a
produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por
cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por
cento.

Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez
por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos
cartões de crédito das empresas.

Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções
do Estado tinham ESTADO escrito na porta.

Imaginem que só eram usados em funções do Estado.

Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e
consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público.

Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão
para quem trabalha e não se quer reformar.

Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os
pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma
redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles
acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito
acima dos mil contos por mês.

Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha.

Imaginem que o faziam por consciência.

Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas
públicas.

Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se
criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas
creches e nos lares.

Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir
dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para
esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às
cataratas.

Imaginem remédios dez por cento mais baratos.

Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde.

Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com
esses dinheiros.

Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por
cento mais bem equipada e mais motivada.

Imaginem as pensões que se podiam actualizar.

Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e
IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de
mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios,
cafés, restaurantes e jardins.

Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da
TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração
nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta
e sete empresas públicas em Portugal.

Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de
reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados
serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.

Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios
quando dão prejuízo.

Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.

Imaginem que país seremos se não o fizermos...... Enviem a
todos os vossos amigos.
Pode ser que se crie uma corrente de indignação e
desencadeie uma petição à AR!!!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

PIA BAPTISMAL DE CAMPO MAIOR

EQUIDADE

ESTE PAÍS PARECE SER UM PAÍS DE CAPELAS, MAS CAPELAS SEM DIGNIDADE.
SABE-SE QUE OS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DE PORTUGAL TÊM SALÁRIOS ACIMA DA MÉDIA E PARA ALÉM DISSO SÃO PORTUGUESES E O BANCO DE PORTUGAL É DO ESTADO.
SENDO DO ESTADO DEVEM SUBMETER-SE ÀS LEIS GERAIS DO ESTADO, POR ISSO NÃO SE COMPREENDE VÁRIOS ESTATUTOS SOCIAIS.
TODO O REFORMADO QUE EXERÇA UMA ACTIVIDADE REMUNERADA DEVEM DEIXAR DE RECEBER A PENSÃO ENQUANTO USUFRUIREM DESSE NOVO ORDENADO.
OUTRA COISA QUE DEVE SER ALTERADA É OS AUTARCAS COMPRAREM CARROS INCOMPATÍVEIS ECONOMICAMENTE COM A SITUAÇÃO DO PAÍS. VEJA O CASO DE MATOSINHOS.

domingo, 1 de janeiro de 2012

PRIVATIZAÇÃO DA CP

PARA ACABAR COM AS GREVES DA CP CUJOS FUNCIONÁRIOS, SEGUNDO DIZEM, SÃO UNS PREVILIGIADOS, DEVERIAM PRIVATIZAR ESTA COMPAHIA, DE PREFERÊNCIA AOS CHINESES, COM AS LEIS DE TRABALHO DA CHINA, COM DIREITO AO DESPEDIMENTO DOS PERTURBADORES DO SEU NORMAL FUNCIONAMENTO.
PENSO QUE SERIA UMA BOA IDEIA, ACRESCENTANDO A ESTA VENDA O DIREITO DE CONSTRUÇÃO E EXPLORAÇÃO DO TGV DURANTE 100 ANOS.
NÃO FOI ASSIM COM A CARRIS E...
ESTA GENTE PODE TER RAZÃO MAS NÃO TEM O DIREITO DE PREJUDICAR OS SEUS IRMÃOS QUE DESEJAM TRABALHAR.