segunda-feira, 30 de junho de 2014

PORTUGUESES VÍTIMAS DOS NAZIS

 








Há 70 portugueses que estiveram nos campos de concentração nazis

Publicado em 2014-03-28

 



 


Pelo menos 70 portugueses estiveram nos campos de concentração e 300 foram sujeitos ao trabalho forçado durante a II Guerra Mundial, explicou o historiador Fernando Rosas, que lidera a investigação sobre um assunto inédito e desconhecido.
 
foto Gustavo Bom / Global Imagens
Há 70 portugueses que estiveram nos campos de concentração nazis
Fernando Rosas
 
"Há portugueses que se encontram nos campos de concentração nazis, mas que estão nos campos por razões que se desconhecem. Pode ser por serem associais. Há certas categorias cuja punição era o campo de concentração", referiu à agência Lusa Fernando Rosas, acrescentado que foram já detetados pelo menos 70 portugueses nos campos de extermínio de Auschwitz e Birkenau durante a Segunda Guerra Mundial.
"Nós detetamos, por exemplo, um português de Cascais que é preso em Marselha e enviado para Auschwitz. Porque é que está em Auschwitz? Não é por ser emigrante, porque, quando muito, era obrigado ao trabalho forçado, mas não estaria num campo de concentração. Ou era resistente ou fazia parte daquelas categorias de associais e que eram mandados para os campos", explicou Fernando Rosas.
O historiador e ex-dirigente do Bloco de Esquerda lidera um projeto de investigação realizado no âmbito do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, que envolve vários investigadores especializados nas relações luso-alemãs durante a II Guerra Mundial.
"Obtivemos a primeira notícia através das informações que existem nos campos de concentração de que há vários portugueses mortos e o nosso projeto começou por aqui. Depois surgiu-nos a possibilidade de concorrer a um financiamento de uma instituição alemã que está interessada em financiar as investigações sobre o trabalho forçado na Alemanha", acrescentou Fernando Rosas.
O trabalho forçado pelo III Reich era feito por pessoas que se encontravam nos campos de concentração ou por contratados ou simplesmente enviados pelos países ocupados e, por isso, a equipa de historiadores alargou o âmbito da investigação.
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quinta-feira, 26 de junho de 2014

VEJAM O QUE ACONTECE LÁ FORA.

Holanda vai cobrar diárias aos presos
 
 
Aplaudo esta iniciativa holandesa, que acho justíssima!
Nada mais acrescento às palavras que se seguem abaixo. Está tudo dito!

É Pertinente!!
...Mas em Portugal são os Presos Coitadinhos com todos os DIREITOS E REGALIAS pagos
por todos nós Contribuintes, que eles prejudicaram e como prémio têm melhores condições de vida que os "Velhotes," cujo único Crime que cometeram, FOI TEREM ENVELHECIDO.
DIREITOS HUMANOS SÓ PARA HUMANOS QUE CUMPRAM A LEI!


Holanda vai cobrar diárias aos presos  

O Governo holandês, sàbiamente e a exemplo da Dinamarca e da Alemanha, vai impor a seus presidiários o pagamento de 16 euros por dia por ficarem atrás das grades.
O projeto de lei deriva dos acordos entre os liberais de direita e social-democratas, e busca duas coisas: obrigar o criminoso a assumir o custo de seus atos e poupar, concretamente 65 milhões de euros anuais, em despesas judiciais e policiais.
Na Holanda existem 29 presídios, sendo que, deste total, 8 foram fechados por falta de presos. 
O Governo holandês diz que o detido é parte integrante da sociedade e que, se comete um delito, tem obrigação de contribuir com os gastos inerentes.
Aqui é o contrário. Os presos não trabalham, são bem alimentados, tratados com direito a televisão, ginásios e todos os direitos hospitalares, sem taxas moderadoras, etc.,  e a família ainda recebe uma pensão. ISTO É JUSTO?
Se um dia tal medida vier a ser aplicada entre nós, devemos ter em conta 3 regimes prisionais: o actual, para os pagantes; outro de menor qualidade, do género serviços mínimos, para os que, preguiçosos, argumentem não ter meios; e, finalmente, um que corresponda aos privilégios dos que no bem-bom, "sofrem" da privação de liberdade controlada por pulseira electrónica - esses devem pagar tanto como uma diária no Ritz.
Um regime do género, traria uma notável poupança, que deverá concorrer para eliminar injustiças sociais como as que incidem sobre os pensionistas; outra medida será pôr os detidos a trabalhar para o bem comum mediante remuneração, que lhes permita satisfazer os encargos de estar preso.
Não há dúvida, ainda temos muito que aprender com estes países
que são um exemplo de bom senso e sabedoria...
 
 


​ Bom senso e sabedoria é o que por cá não abunda.
Porque é que a troika, nem ninguém, não se lembrou destes cortes?

ism 
 
com amizade

O GRANDE PROBLEMA





Foto: "A desobediência civil                                    não é o nosso problema. O nosso                                    problema é a obediência civil. O nosso                                    problema é que pessoas por todo o                                    mundo têm obedecido às ordens de                                    líderes e milhões têm morrido por                                    causa dessa obediência. O nosso                                    problema é que as pessoas são                                    obedientes por todo o mundo face à                                    pobreza, fome, estupidez, guerra e                                    crueldade. O nosso problema é que as                                    pessoas são obedientes enquanto as                                    cadeias se enchem de pequenos ladrões                                    e os grandes ladrões governam o país.                                    É esse o nosso problema." Howard                                    Zinn
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desobediência civil não é o nosso problema. O nosso problema é a obediência civil. O nosso problema é que pessoas por todo o mundo têm obedecido às ordens de líderes e milhões têm morrido por causa dessa obediência. O nosso problema é que as pessoas são obedientes por todo o mundo face à pobreza, fome, estupidez, guerra e crueldade. O nosso problema é que as pessoas são obedientes enquanto as cadeias se enchem de pequenos ladrões e os grandes ladrões governam o país.
É esse o nosso problema."

Howard Zinn

PORTUGAL NASCEU HÀ 886 ANOS

24 DE JUNHO - BATALHA DE SÃO MAMEDE


Faz hoje 886 anos que "nasceu" Portugal

A 24 de Junho, quando Portugal em peso faz fogueiras a São João, praticamente só em Guimarães se celebra aquilo que, desde os Anais de D. Afonso, Rei dos Portugueses, é considerado o primeiro episódio da história portuguesa: a Batalha de São Mamede.

Eis o relato que concede à lenda o seu lugar na história da batalha de São Mamede e aos nobres o papel decisivo na vitória de Afonso Henriques que, assim, teria ficado na sua dependência.

“Na era de 1166 [ano de 1128], no mês de Junho, na festa de S. João Baptista, o ínclito Infante D. Afonso, filho do conde Henrique e da rainha D. Teresa, neto do grande imperador da Hispânia, D. Afonso, com o auxílio do Senhor e por clemência divina, e também graças ao seu esforço e persistência, mais do que à vontade e ajuda dos parentes, apoderou-se com mão forte do reino de Portugal. Com efeito, tendo morrido seu pai, o conde D. Henrique, quando ele era ainda criança de dois ou três anos, certos [indivíduos] indignos e estrangeiros pretendiam [tomar conta] do reino de Portugal; sua mãe, a rainha D. Teresa, favorecia-os, porque queria, também, por soberba, reinar em vez de seu marido, e afastar o filho do governo do reino. Não querendo de modo algum, suportar uma ofensa tão vergonhosa, pois era já então de maior idade e de bom carácter, tendo reunido os seus amigos e os mais nobres de Portugal, que preferiam, de longe, ser governados por ele, do que por sua mãe ou por [pessoas] indignas e estrangeiras. Acometeu-os numa batalha no campo de S. Mamede, que é perto do castelo de Guimarães e, tendo-os vencido e esmagado, fugiram diante deles e prendeu-os. [Foi então que] se apoderou do principado e da monarquia do reino de Portugal.” (in “Dom Afonso Henriques“, José Mattoso, Círculo de Leitores, 2006, página 45)


quarta-feira, 25 de junho de 2014

"FOMOS NÓS SOCIALISTAS"

Socialistas "Fomos nós, com Sócrates, que preparámos terreno para cortes"

Um grupo de militantes do PS respondeu ao apelo dos notáveis, garantindo que foi o seu partido, nos anos de governação de José Sócrates, que “conduziu Portugal ao desastre” e assumindo que deixar voltar os mesmos ao poder seria cometer um “crime contra a Nação”, indica o jornal i.
Política
Fomos nós, com Sócrates, que preparámos terreno para cortes                                   
DR
Os históricos 'rosas' António Almeida Santos, Jorge Sampaio, Manuel Alegre e José Vera Jardim fizeram, na semana passada, um apelo para que a situação que se vive no PS seja “clarificada”, pedindo aos socialistas que “não se enganem no adversário”.
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Em resposta à declaração dos notáveis, um grupo de militantes do partido escreveu um texto em que culpa os anos de governação de José Sócrates por terem preparado “o terreno para os cortes salariais, para as privatizações feitas sem critério e para o descrédito das instituições”.
“Fomos nós, socialistas, que o fizemos e quanto mais rapidamente o compreendermos melhor será para o PS e para Portugal”, afirmam Henrique Neto, Ventura Leite, Rómulo Machado e António Gomes Marques, no documento a que o jornal i teve acesso.
No mesmo texto, os militantes dizem ainda que é imperioso impedir que “os mesmos que conduziram Portugal para o desastre” voltem ao poder, sob pena de se cometer um “crime contra a Nação e um ultraje aos princípios e valores do Partido Socialista”.

terça-feira, 24 de junho de 2014

A ETERNA INGRATIDÃO GERACIONAL

Meu filho,
Chegaste a casa empolgado da manifestação, vieste com os olhos brilhantes a falar da mudança do sistema e do grande crime que as gerações mais velhas cometeram para com os da tua idade.
 
Vieste a falar do “massacre geracional” e dos benefícios dos reformados que serão vocês que sustentam.
 
Disseste até que são explorados hoje e que, quando for a vossa vez, não terão o dinheirinho da reforma à vossa espera.
 
Pois, filho, deixa que te diga umas coisas para acrescentares à tua reflexão.

Eu e a tua mãe vivemos sempre do que pudemos ganhar com o nosso trabalho.
 
Eu entrei para o Ministério como auxiliar de contabilidade, depois de tirar o curso à noite, a trabalhar de dia como vendedor, porque o meu pai, pobre agricultor, mal ganhava para o sustento dos meus irmãos mais pequenos.
 
Nunca gostei de contabilidade, gostava era de vender, mas era uma profissão certa e eu tinha família para sustentar.
 
A tua mãe ficou em casa, a cuidar de ti e da tua irmã, porque não havia escolas para os pequenitos e as vizinhas já não podiam tomar conta de mais crianças.
 
Sempre sonhei montar o meu escritório de contabilista mas o que queres?
 
Como funcionário teria direito à pensão para a qual descontava, a minha família beneficiava da ADSE, para a qual descontei, era a segurança da minha velhice e da tua mãe.
 
Fiquei, fiquei 42 anos e reformei-me como chefe de repartição, a tua mãe com muito menos porque só descontou 20 anos como auxiliar numa escola.
 
Com a velhice assegurada, ainda que modestamente, pagámos os teus estudos até tarde, já tinhas mais de 25 anos quando acabaste o curso na Universidade privada porque nunca tiraste média para ir para o ensino público.
 
Foi com o meu salário que te compramos a mota, depois te demos a carta e o automóvel, foi porque pensámos que não precisaríamos de juntar para a velhice mais do que o que descontávamos que te pagámos os anos de inglês, o karaté, as viagens nas férias com os teus amigos.
 
Sim filho, deixa que te diga, acusaste-me tantas vezes de ser conformado, de ir para a repartição e ter um salário modesto, querias que arriscasse, abrisse um negócio, como o pai da Elsa, a rapariga de quem estás divorciado, mas se eu deixasse tudo lá se ia a minha pensão e a protecção na saúde, teria que juntar para a minha velhice e da tua mãe e não poderia dar-te e à tua irmã o que tanto gostavam.
Comprámos a casa a crédito porque já não suportavas o bairro modesto, a casa alugada e velha, querias viver bem, a tua irmã dizia que tinha vergonha de levar lá os amigos do colégio, pagámos a casa mesmo a tempo de te ajudar a comprar a tua, quando casaste e o pai da Elsa já estava em sarilhos com os seus negócios.
 
Ainda te disse para ficarem lá em casa, até endireitarem a vida, a tua irmã já estava a estudar fora, no Algarve, no curso que escolheu, com um esforço acomodávamo-nos todos, mas não quiseste, gritaste que eu era manga-de-alpaca, que nunca teria uma vida capaz, a prova é que nunca saí da repartição, a contar com a reforma e as pantufas.
 
Pois é, filho, desculpa, pensei que podia gastar contigo e com a tua irmã o que os meus pais não puderam gastar comigo.
 
Pensei que tinha uma reforma e por isso não precisava de proteger mais os meus anos de velho.
 
O que eu não sabia era que te estava a explorar.
Agora gritas que me sustentas, e à minha reforma e eu não sei porquê mas talvez tenhas razão, eu devia ter sido mais prudente e guardar para mim e para a tua mãe o que te dei com tanto amor.
 
A contar que não te seria pesado, que não terias que me sustentar como eu fiz com os meus pais e a tua mãe com os dela, lembras-te? Vieram viver cá para casa, admiraram-se com a nossa casa tão grande, com o nosso nível de vida, e dividimos com eles o que havia.
 
Ainda bem que terei uma reforma, pensei tantas vezes, posso gastar com eles o que ganho, e com os meus filhos, talvez com os meus netos se precisarem.
 
Nunca levei a tua mãe ao México, ou ao Brasil, nem sequer a Paris, gasta com os garotos, dizia ela, eles têm que viver o tempo deles, a gente não precisa.
 
Tu foste, foste a tantos lados, ficavas 6 meses e mais, dizias que era dos estudos, depois voltavas cheio de ideias para comprar um computador novo, um plasma, uns sofás novos, pai, dizias, os tempos são outros, se tens dinheiro compra, para que te agarras ao dinheiro se vais ter uma reforma?
Desculpa, filho, acho que te estou a massacrar, e à tua geração mas deixa que te diga que me preocupa muito a tua mãe, quando eu morrer ela só vai ficar com metade do que eu recebo, se ainda a deixarem receber isso, e não chega, não chega para te ajudar a pagar as pensões de alimentos aos meus netos, não chega, filho, não chega.
 
Deixa que te diga que te dei tudo o que tinha, com orgulho e com amor.
 
Hoje, filho, quando te ouço, penso quem me dera ter poupado para a minha velhice e da tua mãe, em vez de te ser tão pesado agora, com a minha pensão.

 
Mais palavras para quê?.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Parte do Plano de Extermínio dos Idosos e da Economia Local



(este plano criminoso deve ser lido até ao fim)

Tia MARIA - a CRIMINOSA


A Tia Maria (Maria Isabel) tem 83 anos e é uma criminosa.

O local do crime é o fogão, e assim foi durante muitos anos: vende bolo de laranja no café da zona. Sem recibo. E ainda consegue ir mais longe: usa os ovos das suas próprias galinhas. Juntamente com a filha, formam uma organização criminal. Eusébia, com 58 anos, produz uma pequena quantidade de queijo de cabra na sua própria cozinha que vende aos vizinhos a 1 euro a unidade. Um dos vizinhos, José Manuel, utiliza o antigo forno de barro que tem no quintal para cozer pão, faz uma quantidade a mais do que a que ele e a sua mulher necessitam para vender aos amigos, tentando assim complementar a pensão da reforma que recebe.


Alguns dos habitantes mais idosos da aldeia apanham cogumelos e vendem-nos ao comprador intermediário. Novamente, sem passar recibo. Por sua vez, este intermediário distribui-os em restaurantes, passa recibo mas fá-lo pelo dobro do preço que pagou por eles. Marta, proprietária do café da zona, encomendou alface ao fornecedor mas acrescentou umas ervas e folhas de alface do seu próprio quintal. E se pedíssemos uma aguardente de medronho, típica da zona, quando a garrafa oficial, selada com o imposto fiscal, estiver vazia, o seu marido iria calmamente até à garagem e voltava a encher a garrafa com o medronho caseiro do velho Tomás. Podemos chamar a isto tradição, qualidade de vida ou colorido local – o certo é que em tempos de crise, a auto-suficiência entre vizinhos, simplesmente ajuda a sobreviver.


O Alentejo é das regiões mais afectadas pela crise que de qualquer forma afectou todo o país. A agricultura tradicional está em baixo, a indústria é quase inexistente e os turistas raramente se deixam levar pela espectacular paisagem costeira da província. Os montes alentejanos perdem-se em ruínas. Quem pode vai embora, ficando apenas a população idosa a viver nas aldeias, e para a maior parte, o baixo valor que recebem de reforma é gasto em medicamentos, logo na primeira semana do mês. Inicialmente, as pessoas fazem o que sempre fizeram para tentar sobreviver de algum modo. Vendem, a pessoas que conhecem, o que eles próprios conseguem produzir. Não conseguem suportar os custos de recibos ou facturas. Para conseguir iniciar um negócio com licença, teriam de cumprir os requisitos e fazer grandes investimentos que só compensariam num negócio de maior produção.


Ao contrário de Espanha, Portugal não negociou acordos especiais para quem tem pequenos negócios. As consequências: toda a produção em pequena escala - cafés, restaurantes , lojas e padarias que tornam este país atractivo - é de facto ilegal.

Só lhes restam duas hipóteses:

- ou legalizam o seu comércio tornando-se grandes produtores

- ou continuam como fugitivos ao fisco.


Até agora e de certa forma, isto era aceitável em Portugal mas neste momento, parece que o governo descobriu os verdadeiros culpados da crise: o homem modesto e a mulher modesta como pecadores em matéria de impostos. Como resultado, as autoridades fecharam uma série de casas comerciais e mercados onde dantes eram escoadas os excedentes das parcas produções dos pequenos produtores e transformadores, que ganhavam algum dinheiro com isso, equilibrando a economia local.

Há uns meses atrás, a administração fiscal decidiu finalmente fazer algo em relação ao nível de desemprego: empregou 1.000 novos fiscais.


Como um duro golpe para a fraude fiscal organizada, a autoridade autuou recentemente uma prática comum na pequena Aldeia das Amoreiras: alguns homens tinham - como o fizeram durante décadas - produzido e vendido carvão. Os criminosos têm em média 70 anos, e os modestos rendimentos do carvão mal lhes permitia ir mais do que poucas vezes beber um medronho ou pedir uma bica. Não é benéfico acabar com os produtos locais e substituí-los por produtos industriais.

Não para o Estado que, com uma população empobrecida, não tem capacidade para pagar impostos. E não é para a saúde: não são os produtos caseiros que levam a escândalos alimentares nestes últimos anos, mas a contaminação química e microbiana da produção industrial. Apenas grandes indústrias beneficiam desta política, uma política que chega mesmo a apoiar a crise. Sendo este um país que se submete cada vez mais a depender de importações, um dia não terá como se aguentar economicamente. É a realidade, até parece que a globalização venceu: os terrenos abandonados do Alentejo foram maioritariamente arrendados a indústrias agrícolas internacionais, que usam estes terrenos para o cultivo de olival intensivo, para a produção de hortícolas em estufas e também de OGM’s (Organismos Genéticamente Modificados – Transgénicos produzidos pela multinacional americana ‘MONSANTO’ que foi autorizada pelo governo português a cultivar esses produtos internacionalmente proibidos).


Após alguns anos, os solos ficam demasiado contaminados. Em geral, os novos trabalhadores rurais temporários vêm da Tailândia, Bulgária ou Ucrânia, trabalham por pouco tempo e voltam para as suas casas antes das doenças se tornarem visíveis.

Com a pressão da Troika, o governo está a actuar contra os interesses do próprio povo. Apenas há umas semanas atrás, o Município de Lisboa mandou destruir mais uma horta comunitária num bairro carismático da cidade, a "Horta do Monte" no Bairro da Graça, onde residentes produziam legumes com sucesso, contando com a ajuda da vizinhança. Enquanto os moradores do bairro protestavam, funcionários municipais arrancaram árvores pela raiz e canteiros de flores, simplesmente para que os terrenos possam ser alugados em vez de cedidos. Mais uma vez, uma parte da auto-organização foi destruída pela crise. A maioria dos portugueses não aceita isto. No último ano e por várias vezes, cerca de 1 milhão de pessoas - o equivalente a 10% da população - protestou contra a Troika.

Muitos demonstram a sua criatividade e determinação durante a desobediência civil: quando saiu a lei que os clientes eram obrigados a solicitar factura nos restaurantes e cafés, em vez de darem o seu número de contribuinte, 10 mil pessoas deram o número do Primeiro-ministro. Rapidamente isto deixou de ser obrigatório.


Também há alguns presidentes de freguesias que não aceitam o que foi feito aos seus mercados. E assim os pequenos mercados locais de aldeia continuam mas com um nome diferente “Mostra de produtos locais”, “Mercado de Trocas”. Se alguém quer dar alguma coisa e de seguida alguém põe dinheiro na caixa dos donativos, bem... quem irá impedi-lo?!


Existe um ditado fascinante: “quando a lei é injusta, a resistência é um dever”. É este o caso. Não são os pequenos produtores que estão errados mas sim as autoridades e quem toma as decisões - tanto moral como estrategicamente, porque:

- é moralmente injustificável negar a sobrevivência diária dos idosos nas aldeias.

- é estrategicamente estúpido…porque leva ao extermínio destes velhos, de forma encapotada.


Um tesouro raro está a ser destruído: uma região que ainda tem conhecimentos e métodos tradicionais, e comunidades com coesão social suficiente para partilhar e para se ajudarem entre si, estão a ser destruídas.

Uma economia difundida globalmente e à prova da crise é o que aqui acaba por ser criminalizado, ou seja, a subsistência rural e regional, o poder de auto-organização de pessoas que se ajudam mutuamente, que tentam sustentar-se com o que cresce à sua volta.

Ao enfrentar a crise, não existem razões para não avançarmos juntos e nos reunirmos novamente. Existem sim, todos os motivos para nos ajudarmos mutuamente, para escolhermos a auto-suficiência e o espírito comunitário rural. Podemos ajudar a suavizar a crise, pelo menos por agora – se não, no mínimo oferecemos um elemento chave para a resolver.

Quanto mais incertos são os sistemas de abastecimento da economia global, mais necessária é a subsistência regional.


Assim sendo, pedimos a todos os viajantes e conhecedores: peçam pratos caseiros e regionais nos restaurantes. Deixem que as omeletes sejam feitas por ovos que não foram carimbados nem selados. Peçam saladas das suas hortas. Mesmo em festas ou cerimónias, escolham os produtos de fabrico próprio, caseiros. Ao entrar numa loja ou café, anunciem de imediato que não vão pedir recibos ou facturas.


Talvez em breve, os proprietários dos restaurantes se juntem a uma mudança local. Talvez em breve, um funcionário de uma loja será o primeiro a aperceber-se que a caixa de donativos na entrada traz mais lucro do que o registo obrigatório das vendas recentemente imposto. Talvez em breve, apareçam as primeiras moedas regionais como um método de contornar as leis fiscais.
  


Parte do Plano de Extermínio dos Idosos e da Economia Local
 

(este plano criminoso deve ser lido até ao fim)

Tia MARIA - a CRIMINOSA


A Tia Maria (Maria Isabel) tem 83 anos e é uma criminosa.

O local do crime é o fogão, e assim foi durante muitos anos: vende bolo de laranja no café da zona. Sem recibo. E ainda consegue ir mais longe: usa os ovos das suas próprias galinhas. Juntamente com a filha, formam uma organização criminal. Eusébia, com 58 anos, produz uma pequena quantidade de queijo de cabra na sua própria cozinha que vende aos vizinhos a 1 euro a unidade. Um dos vizinhos, José Manuel, utiliza o antigo forno de barro que tem no quintal para cozer pão, faz uma quantidade a mais do que a que ele e a sua mulher necessitam para vender aos amigos, tentando assim complementar a pensão da reforma que recebe.


Alguns dos habitantes mais idosos da aldeia apanham cogumelos e vendem-nos ao comprador intermediário. Novamente, sem passar recibo. Por sua vez, este intermediário distribui-os em restaurantes, passa recibo mas fá-lo pelo dobro do preço que pagou por eles. Marta, proprietária do café da zona, encomendou alface ao fornecedor mas acrescentou umas ervas e folhas de alface do seu próprio quintal. E se pedíssemos uma aguardente de medronho, típica da zona, quando a garrafa oficial, selada com o imposto fiscal, estiver vazia, o seu marido iria calmamente até à garagem e voltava a encher a garrafa com o medronho caseiro do velho Tomás. Podemos chamar a isto tradição, qualidade de vida ou colorido local – o certo é que em tempos de crise, a auto-suficiência entre vizinhos, simplesmente ajuda a sobreviver.


O Alentejo é das regiões mais afectadas pela crise que de qualquer forma afectou todo o país. A agricultura tradicional está em baixo, a indústria é quase inexistente e os turistas raramente se deixam levar pela espectacular paisagem costeira da província. Os montes alentejanos perdem-se em ruínas. Quem pode vai embora, ficando apenas a população idosa a viver nas aldeias, e para a maior parte, o baixo valor que recebem de reforma é gasto em medicamentos, logo na primeira semana do mês. Inicialmente, as pessoas fazem o que sempre fizeram para tentar sobreviver de algum modo. Vendem, a pessoas que conhecem, o que eles próprios conseguem produzir. Não conseguem suportar os custos de recibos ou facturas. Para conseguir iniciar um negócio com licença, teriam de cumprir os requisitos e fazer grandes investimentos que só compensariam num negócio de maior produção.


Ao contrário de Espanha, Portugal não negociou acordos especiais para quem tem pequenos negócios. As consequências: toda a produção em pequena escala - cafés, restaurantes , lojas e padarias que tornam este país atractivo - é de facto ilegal.

Só lhes restam duas hipóteses:

- ou legalizam o seu comércio tornando-se grandes produtores

- ou continuam como fugitivos ao fisco.


Até agora e de certa forma, isto era aceitável em Portugal mas neste momento, parece que o governo descobriu os verdadeiros culpados da crise: o homem modesto e a mulher modesta como pecadores em matéria de impostos. Como resultado, as autoridades fecharam uma série de casas comerciais e mercados onde dantes eram escoadas os excedentes das parcas produções dos pequenos produtores e transformadores, que ganhavam algum dinheiro com isso, equilibrando a economia local.

Há uns meses atrás, a administração fiscal decidiu finalmente fazer algo em relação ao nível de desemprego: empregou 1.000 novos fiscais.


Como um duro golpe para a fraude fiscal organizada, a autoridade autuou recentemente uma prática comum na pequena Aldeia das Amoreiras: alguns homens tinham - como o fizeram durante décadas - produzido e vendido carvão. Os criminosos têm em média 70 anos, e os modestos rendimentos do carvão mal lhes permitia ir mais do que poucas vezes beber um medronho ou pedir uma bica. Não é benéfico acabar com os produtos locais e substituí-los por produtos industriais.

Não para o Estado que, com uma população empobrecida, não tem capacidade para pagar impostos. E não é para a saúde: não são os produtos caseiros que levam a escândalos alimentares nestes últimos anos, mas a contaminação química e microbiana da produção industrial. Apenas grandes indústrias beneficiam desta política, uma política que chega mesmo a apoiar a crise. Sendo este um país que se submete cada vez mais a depender de importações, um dia não terá como se aguentar economicamente. É a realidade, até parece que a globalização venceu: os terrenos abandonados do Alentejo foram maioritariamente arrendados a indústrias agrícolas internacionais, que usam estes terrenos para o cultivo de olival intensivo, para a produção de hortícolas em estufas e também de OGM’s (Organismos Genéticamente Modificados – Transgénicos produzidos pela multinacional americana ‘MONSANTO’ que foi autorizada pelo governo português a cultivar esses produtos internacionalmente proibidos).


Após alguns anos, os solos ficam demasiado contaminados. Em geral, os novos trabalhadores rurais temporários vêm da Tailândia, Bulgária ou Ucrânia, trabalham por pouco tempo e voltam para as suas casas antes das doenças se tornarem visíveis.

Com a pressão da Troika, o governo está a actuar contra os interesses do próprio povo. Apenas há umas semanas atrás, o Município de Lisboa mandou destruir mais uma horta comunitária num bairro carismático da cidade, a "Horta do Monte" no Bairro da Graça, onde residentes produziam legumes com sucesso, contando com a ajuda da vizinhança. Enquanto os moradores do bairro protestavam, funcionários municipais arrancaram árvores pela raiz e canteiros de flores, simplesmente para que os terrenos possam ser alugados em vez de cedidos. Mais uma vez, uma parte da auto-organização foi destruída pela crise. A maioria dos portugueses não aceita isto. No último ano e por várias vezes, cerca de 1 milhão de pessoas - o equivalente a 10% da população - protestou contra a Troika.

Muitos demonstram a sua criatividade e determinação durante a desobediência civil: quando saiu a lei que os clientes eram obrigados a solicitar factura nos restaurantes e cafés, em vez de darem o seu número de contribuinte, 10 mil pessoas deram o número do Primeiro-ministro. Rapidamente isto deixou de ser obrigatório.


Também há alguns presidentes de freguesias que não aceitam o que foi feito aos seus mercados. E assim os pequenos mercados locais de aldeia continuam mas com um nome diferente “Mostra de produtos locais”, “Mercado de Trocas”. Se alguém quer dar alguma coisa e de seguida alguém põe dinheiro na caixa dos donativos, bem... quem irá impedi-lo?!


Existe um ditado fascinante: “quando a lei é injusta, a resistência é um dever”. É este o caso. Não são os pequenos produtores que estão errados mas sim as autoridades e quem toma as decisões - tanto moral como estrategicamente, porque:

- é moralmente injustificável negar a sobrevivência diária dos idosos nas aldeias.

- é estrategicamente estúpido…porque leva ao extermínio destes velhos, de forma encapotada.


Um tesouro raro está a ser destruído: uma região que ainda tem conhecimentos e métodos tradicionais, e comunidades com coesão social suficiente para partilhar e para se ajudarem entre si, estão a ser destruídas.

Uma economia difundida globalmente e à prova da crise é o que aqui acaba por ser criminalizado, ou seja, a subsistência rural e regional, o poder de auto-organização de pessoas que se ajudam mutuamente, que tentam sustentar-se com o que cresce à sua volta.

Ao enfrentar a crise, não existem razões para não avançarmos juntos e nos reunirmos novamente. Existem sim, todos os motivos para nos ajudarmos mutuamente, para escolhermos a auto-suficiência e o espírito comunitário rural. Podemos ajudar a suavizar a crise, pelo menos por agora – se não, no mínimo oferecemos um elemento chave para a resolver.

Quanto mais incertos são os sistemas de abastecimento da economia global, mais necessária é a subsistência regional.


Assim sendo, pedimos a todos os viajantes e conhecedores: peçam pratos caseiros e regionais nos restaurantes. Deixem que as omeletes sejam feitas por ovos que não foram carimbados nem selados. Peçam saladas das suas hortas. Mesmo em festas ou cerimónias, escolham os produtos de fabrico próprio, caseiros. Ao entrar numa loja ou café, anunciem de imediato que não vão pedir recibos ou facturas.


Talvez em breve, os proprietários dos restaurantes se juntem a uma mudança local. Talvez em breve, um funcionário de uma loja será o primeiro a aperceber-se que a caixa de donativos na entrada traz mais lucro do que o registo obrigatório das vendas recentemente imposto. Talvez em breve, apareçam as primeiras moedas regionais como um método de contornar as leis fiscais.
  

sábado, 14 de junho de 2014

TEMOS MAIS DIREITOS QUE OS POLÍTICOS


José Soares


Os sindicatos só têm que exigir a mesma forma de cálculo, das pensões, igual à que os políticos utilizam para as suas subvenções vitalícias. Não será um acto fraudulento dos elegidos, e promulgado pelo PR, atribuírem a eles próprios privilégios pagos com o esbulho de quem trabalha honestamente e em muitos casos tirados das bocas dos próprios filhos, à custa do calvário do desemprego, da própria perda de dignidade em que a “salvação nacional” se resume ao reforço da desigualdade social em que estamos a regredir décadas?

quarta-feira, 11 de junho de 2014

O PAPA


Crónica

O Papa é um “marketer”?

O que se espera de um líder espiritual é que promova a difusão dos valores certos para uma sociedade justa e solidária. E é esta Estratégia que o Papa Francisco parece estar a tomar, o que pode fazer dele o “marketer” que salvou a Igreja
Está de cócaras, a deixar passar a areia por entre uma mão, como uma ampulheta humana, umas vezes atrás de outras. Para ela, o tempo e a pressa não existem, neste lugar de areia escura e cheiro intenso. Estamos em Hail, algures nas profundezas de uma civilização árabe, longe dos cruzamentos de fibra óptica e dos corredores onde se decidem acordos e tratados. Vejo-a olhar para cima, para mim, antes de esboçar um sorriso e repetir:

— Gosto muito dele, do Papa.

Sorrio, deliciado com tanta generosidade, com esta inocência tão autêntica que arrepia, que estremece. Levanto a cabeça para olhar o céu que tapa este lugar quase esquecido, à espera de uma chuva que salpique este calor que arrasa, quando me ocorre a melhor definição para alguém que se tornou tão relevante num lugar tão pouco provável: um “marketer”. Será que é isso que o papa Francisco é, um homem do Marketing?

A pergunta soa a provocação, como se pusesse em causa a autenticidade das suas acções, a legitimidade dos seus interesses. Mas para lá dessa primeira reacção despropositadamente impulsiva, volto a perguntar-me: será o Papa Francisco um “marketer”?

Pondero, encostando-me para trás. Onde estão os que criticavam a Igreja e os seus representantes por serem fechados, ortodoxos, fundamentalistas e parados no tempo? Suponho que uma parte deles está desempregada ou transformou-se em Velho do Restelo, com um discurso "à la marretas".

Desde que chegou, o Papa Francisco mostrou ser diferente, começando pela demissão de Bertone, o todo poderoso Secretário de Estado do Vaticano que manobrava a estrutura e era o principal bastião da resistência ao reformismo na Igreja Católica.

Curiosamente, o Papa Francisco seguiu as pisadas de Barack Obama, que rompeu com um posicionamento mais fundamentalista e acabou por se tornar mais credível com a estratégia de diferenciação pela tolerância. O mesmo se passa com o Papa: finalmente alguém que é capaz de admitir que as posições da Igreja que representa não são necessariamente as únicas e podem nem ser as melhores. Saber assumir essa possibilidade é tão raro quanto poderoso, porque abre mentes e aproxima os que, dentro da mesma religião, estão divorciados de fundamentalismos exarcerbados. Aceitar este cenário é fundamental, porque ainda hoje muitos dos debates entre Estados, clãs, religiões e pessoas mais não são do que gritos histéricos e discussões imaturas, desprovidas de razão, tolerância e procura de soluções e evolução mútua.

Este papa teve a sorte de chegar a um Vaticano cheio de vergonha de si mesmo e do cheiro a Idade Média que algumas das suas posições largavam. Acabou eleito pela pior das razões, quando os escândalos de pedofilia não cabiam nas gavetas do esquecimento. Isso é agora o menos relevante: quantas tragédias são o carburante de uma mudança para um estágio mais evoluído, neste mundo que todos queremos mais fraterno e igualitário?

O que se espera de um líder espiritual é que promova a difusão dos valores certos para uma sociedade justa e solidária, mas actualizada e consciente, ao mesmo tempo que exerce a sua macro influência em prol de todos e não apenas da sua Igreja e Estado. E é esta Estratégia que o Papa Francisco parece estar a tomar, o que pode fazer dele o “marketer” que salvou a Igreja e o líder espiritual que defende a uma escala global aquilo que, afinal, todos queremos: o Bem.