quarta-feira, 14 de outubro de 2020

CLARA FERREIRA ALVES


 E não perca as aventuras desta semana. O nosso herói venceu o virus e saíu do hospital ileso, sem máscara, pronto a enfrentar o real varandim da Casa Dranca e a mostrar aos fiéis, à América e ao mundo que a única coisa que correu mal foi a maquilhagem, excessos do pessoal das cosméticas, alguém usou e abusou da base laranja que prometia dar ao curado um halo bronzeado e incrivelmente saudável, como se ele tivesse acabado uma partida de golfe ao sol de Palm Beach. Degenerou em vermelhão, mas o nosso herói continua heroico e, mais ainda, imune ao vírus. O próprio corona ter-se-á sentido mal depois de infetar o Presidente e circulou para pastagens mais simples de contaminar, infetando não apenas a Casa Branca como o Pentágono. O líder do mundo livre é agora o maior superspreader de Washington, contribuindo para aumentar as cifras de infeção. Tudo o que sobe é bom. 


Algures em Pequim, a nomenclatura chinesa teve um ataque de riso que ainda dura, riso até às lágrimas. Mal sabem o que os espera. E algures em Moscovo, o grande Putin, na sua bolha de plástico, onde recebe convidados borrifados com lixívia, afirmou aos íntimos que o Trumpovski era mais fácil de envenenar do que o Navalny, mas não era preciso, o herói é um aliado da grande Rússia. Nunca a América foi tão grande em mortos e infetados. 

O eminente Dr. Fauci chorou no recato do lar, quando soube da cura. E quanto à maquilhadora que se enganou na cor, já está infetada. O cabeleireiro também, mas como o Presidente não confia num desses gays liberais que pululam no sector decidiu que o homem das lacas e dos pentes continuava ao serviço, infetado ou não. A estopa tem de se manter firme, como o nosso herói. E o resto? Corona c’est moi. Nem Luís XIV teve um tal poder sobre os elementos e a natureza. O imortal Luís XVI, o homem que inspirou os decoradores da Trump Tower e de Mar-a-Lago quando encomendaram os doirados, os rococós e os brocados. O nosso herói só teve dúvidas sobre a meia de seda e o sapato de fivela da época, demasiado maricón

Nos episódios desta semana confirma-se o que se suspeitava, que um Presidente com esteroides é o que a América precisa para ser great again! Já tínhamos o capitalismo com esteroides, uma sábia definição, passamos agora para o estádio superior, um Presidente insuflado com química que se sente melhor do que há 20 anos e que afirma aos íntimos, todos infetados, que está a ganhar músculo em lugares inesperados. Os olhos cintilam com a vitória eleitoral que se adivinha, apesar das sondagens. Também Hillary tinha as sondagens a favor e viajou na maionese na noite de novembro em que foi derrotada pelo nosso herói. O homem faz chorar os inimigos, e Biden terá a sua dose de pranto quando as manobras das bases e das milícias armadas nos locais de voto consagrarem o nosso herói como o líder da nação temente a Deus. Já foram encomendados esteroides que mantenham o feelgood factor até ao dia 3 de novembro. Vários republicanos estão também a encomendar a dose, para os energizar para a campanha sem máscara e sem cautelas. O velho Mitch McConnell, a cair da tripeça, quer a receita e tem esperança que lhe afine a voz de sapo. O venal Lindsay Graham, aflito com a sinecura, quer a dose para poder continuar a mentir e a sentir-se como um milhão de dólares. Um assento no Senado não tem preço. Euforia precisa-se. 

Quanto ao nosso herói, derrotou todos os snowflakes liberais com a recuperação milagrosa, incluindo os idiotas que lhe desejaram as melhoras. Os flocos de neve não aprendem, não basta vencer o inimigo, há que aniquilá-lo. O nosso herói dispensa a piedade dos fracos. Os snowflakes ainda não perceberam que o nosso herói não é humano. É mitológico. Nasceu de Zeus, o deus dos deuses, o Trump do Olimpo, e de uma perna de vaca com a qual Zeus procriou julgando-a uma deusa disfarçada que a sua luxúria cobiçava. Deste ato nasceu Donald, tal como Hércules nasceu de uma mulher, Alcmena, filha de Electrião, e do deus de todos deuses, noutro inspirado momento de erotismo grego. Hércules, meio irmão de Perseu, sendo também bisavô de Hércules. Os gregos são confusos. 

Donald é o Hércules da televisão, o Hércules do Twitter, o Hércules da construção civil. Pelo menos, foi a história que o protofascista Stephen Miller contou, antes de cair infetado. O Perseu é quem? Não me chateies com pormenores, não te armes em doutor, quero lá saber do Perseu, ninguém conhece o Perseu, o herói é o Hércules. E isso da perna de vaca, substitui por uma loiraça tipo páginas centrais da “Playboy”, uma mulher nota 10. Não vou ter como mãe a perna da vaca, já basta aquele livro da minha sobrinha a inventar coisas sobre a minha mãe ser uma bruxa má. Põe lá um mulherão na minha árvore genealógica, se tem de ser. A Melania não vai gostar. 

Stephen prometeu podar a dita árvore enquanto media a febre. Até o Giuliani parece que está com o bicho, deu uma entrevista à Fox News em que se fartou de tossir enquanto esperava os resultados do teste. Fracotes. O nosso herói nunca tossiu, nunca teve febre, tirando as bilhas de oxigénio e as misturas de esteroides e antivirais não comercializados e que só são dados aos vip. Na verdade, o nosso herói nunca esteve doente. O resto, são danos colaterais, infeções acidentais. Os deuses e heróis gregos também matavam uma data de gente da própria família. 

Algures em Pequim, o Presidente Xi Jinping continua a enxugar os olhos quando lhe contam as novidades. Fica exausto de tanta gargalhada e contente pelas boas notícias da América e de Hong Kong. A vida não podia correr melhor. Não eram precisas estratégias nem iniciativas para derrotar os americanos, derrotavam-se a eles mesmos. Os conselheiros e demais membros do Politburo acenaram com a cabeça, sufocando o riso. 

Não sabem o que os espera. O Pompeo prepara um ataque a Wuhan. E os 200 e tal mil mortos? O nosso herói encolhe os ombros. Deixaram que o vírus dominasse as suas vidas. Deixaram que fosse o corona a mandar. Ora a positividade manda que uma pessoa permaneça positiva. Positiva enquanto positiva, no bom sentido. O nosso herói é positivo, duplamente positivo, resiste a tudo. Passem o corticoide. Está inflamado.» 

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sábado, 3 de outubro de 2020

CARTA A RICARDO ARAÚJO PEREIRA

 Escrito pelo Pedro Faria Blanc

Ao Ricardo Araújo Pereira:


“senhor Ricardo Pereira,

Li ontem, com toda a atenção, o artigo que escreveu na última edição da "Visão".
Versa o excelso artigo produzido sobre o tema que agora está na moda: - Quais os Portugueses que mais se evidenciaram ao longo da nossa história.

Ensaia V. Exa. ao longo do mesmo artigo um conjunto de afirmações sobre Oliveira Salazar. Quem lhe pagou e encomendou o artigo?


- Começa por afirmar a sua admiração pela sua inclusão na famosa "Lista", compara-o a Adolfo Hitler e termina, afirmando, que se Salazar ganhasse o concurso seria a primeira vez que teria ganho umas eleições democraticamente. Perante o estilo leviano do artigo e a piadinha fácil, não me surpreende a comparação com A. Hitler. Surpreende-me, isso sim, que se tenha esquecido do óbvio.


O tal Adolfo foi eleito democraticamente na Alemanha. E democraticamente eleito conquistou quase toda a Europa e democraticamente eleito ordenou o holocausto. Numa guerra onde morreram milhões e milhões de Europeus.

Conclusão óbvia: - As eleições, mesmo as "democráticas" valem o que valem. Nesta 2ª Guerra Mundial não morreram Portugueses em combate. Sabe o Exmo. Senhor a quem deve tal feito: - Pois é! Ao tal que não foi democraticamente eleito.

· Sabe o Exmo. Senhor os esforços diplomáticos que foram feitos para evitar a entrada de Portugal na Guerra?
· Sabe quem gizou diariamente a estratégia? Sabe os riscos que corremos? As pressões que sofremos?
· Estimará quantos portugueses teriam  morrido se tivéssemos entrado briosamente no conflito? Muitos de nós hoje não estaríamos cá, pois os nossos pais ou avós teriam certamente tombado em combate!

· Sabe o estado em que Salazar herdou o país após a espantosa 1ª República, que estávamos mais endividados que hoje?
· Sabe a que estado de miséria chegou o povo que em 1928 abominava os partidos políticos, os quais considerava como os criminosos responsáveis pelo estado de ruína a que o país se encontrava, e que hoje estamos igualmente em idêntico estado de ruína por causa dos partidos que tanto gosta e defende!

· Sabe quem delineou, pela primeira vez, a viragem para a actual U.E.?


Pois é: - O tal que não foi democraticamente eleito. Vá verificar, caro amigo. Leia.
Sabe quem nunca fez obra? O que mandou construir a Ponte sobre o Tejo, a barragem de Castelo de Bode, o Aeroporto da Portela, e muito mais com dinheiro que nunca pediu emprestado como agora a estação de tv onde manda bacoradas o pede para lhe pagar.

Sabe quem nunca abandonou 1 milhão de Portugueses nas ex-colónias à sua sorte/morte? Pois é, pois é. Fácil foi fazer como se fez a seguir ao 25 de Abril. Fugir é sempre fácil. Além de ser próprio dos fracos e dos cobardes que também o é, se assim não fosse não se colocava do lado deles.

Sabe quem morreu na miséria, tendo servido a causa pública sem receber uma atenção, uma recompensa, um prémio, uma benesse, uma joia, um diamante, que não se reformou após dez anos a roubar, sim, este nem sequer roubou, trabalhou uma vida inteira, os que agora defende roubam durante dez e reformam-se depois, não com uma mas duas ou três!

Sabe quem foi íntegro no exercício do poder? Pois é, pois é.


Se V. Exa. tem dúvida que Salazar ganharia todas as eleições durante o período que esteve no poder, está muitíssimo mal informado. Leia. Estude sobre a época. Que era alérgico a elas. Sem dúvida. E com razão, a meu ver.


Estude a 1ª República. Os governos que se sucederam. O desgoverno que se atingiu. Vem daí a alergia. E quanto à censura: - Pois. E a informação que temos hoje? Eu prefiro a censura do passado, evitaria ter de ler, por exemplo, o que tão infantilmente escreveu.

Numa palavra: Não escreva sobre o que não sabe. E ainda tem uma surpresa. Num país infestado pela corrupção, pela mediocridade e pela ambição desmedida pelo poder na busca da corrupção, eu, contrariado, votaria Salazar.

E não seria o único, e ganhava, Garanto-lhe.
Leia e informe-se, a ignorância neste país é desmedida. Não fuja, pois, à regra.

Cumprimentos azeiteiro.


** ISTO SÃO FACTOS E NÃO CONVERSA FIADA!
Noutros tempos, houve Portugueses competentes e respeitadores dos interesses do bem público que garantindo a Lei e a Ordem, trabalharam afincadamente e em apenas 40 anos, deixaram OBRA, PAGA COM DINHEIRO PORTUGUÊS mas, em muitos casos, foram "pérolas a porcos".

Segue-se uma "pequena" Lista de Obras de Grande Interesse Nacional que ficaram desse período memorável.
Na Região de Lisboa:
1) Bairro Social do Arco do Cego
2) Bairro Social da Madre de Deus
3) Bairro Social da Encarnação
4) Bairro Social de Caselas
5) Bairros para Polícias
6) Bairro de Alvalade
7) Aeroporto Internacional da Portela
😎 Instituto Superior Técnico
9) Cidade Universitária de Lisboa
10) Biblioteca Nacional
11) Instituto Nacional de Estatística
12) Laboratório Nacional de Engenharia Civil
13) Metropolitano de Lisboa
14) Ponte Salazar
15) Captação e encanamento das águas do Alviela (comemorada com a construção da Fonte Luminosa na Alameda Afonso Henriques)

16) Plantação do Parque florestal de Monsanto
17) Estádio Nacional do Jamor
18) Estádio 28 de Maio
19) Auto estrada da Costa do Estoril
20) Hospital Escolar de Santa Maria
21) Instituto Ricardo Jorge
22) Instituto de Oncologia
23) Hospital Egas Moniz
24) Assistência Nacional aos Tuberculosos o que permitiu a obrigatoriedade do rastreio anual às populações estudantil, do Comércio e da Função Pública

25) Eletrificação da linha do Estoril
26) Exposição do Mundo Português que permitiu a criação da Praça do Império, hoje Sala de visitas de Lisboa.
27) Monumento aos Descobrimentos
28) Regularização da Estrada Marginal Lisboa-Cascais.
29) Criação da Emissora Nacional de Radiodifusão
30) Criação da Radiotelevisão Portuguesa incluindo a instalação das respectivas antenas retransmissoras necessárias para cobrir todo o território continental

31) Criação da Companhia Aérea de bandeira (TAP)
32) Nova Casa da Moeda (no Arco do Cego)
Espalhadas pelo País e Ilhas Adjacentes:
33) Várias Escolas do Magistério Primário.
34) Escolas primárias do Plano dos Centenários em quase todas as Freguesias do País.
35) Liceus Normais em todas as capitais de Distrito.
36) Escolas Comerciais e Industriais espalhadas de Norte a Sul do País
37) Cidade Universitária de Coimbra (Faculdade de Medicina, Faculdade de Letras, Faculdade de Ciências, Biblioteca Geral e o reordenamento urbano envolvente)

38) Hospital de S. João no Porto
39) Laboratório de Física e Engenharia Nuclear (na Bobadela – Sacavém) para onde se adquiriu e instalou um reactor atómico de investigação, tornando Portugal no 35º país do Mundo (à época) a dispor de tão moderno equipamento científico.

40) Ponte da Arrábida
41) Ponte Marechal Carmona
42) Construção dos grandes aproveitamentos hidroelétricos com dezenas de grandes Barragens (por exemplo Rabagão, Cávado, Douro, Mondego, Zêzere e Tejo).

43) Construção de várias barragens para regadio e recreio, nomeadamente nas Beiras (como, por exemplo, na Vila de Soure)e por todo o Alentejo.

44) Melhoria geral de toda a rede Rodoviária Nacional.
45) Melhoria geral da Rede Ferroviária e modernização geral das viaturas do Caminho de Ferro.
46) Melhoria, ampliação e renovação, em todo o território, da Rede Telefónica Nacional, Estações de Correios e Telecomunicações em geral.

47) Bases aéreas (Ota, Montijo, Monte Real, Beja, etc.)
48) Base naval da Marinha (Alfeite)
49) Navio hospital “Gil Eanes” de apoio à Frota Bacalhoeira
50) Criação das Casas do Povo
51) Criação das Casas dos Pescadores
52) Construção e beneficiação de muitos e diversos Hospitais, (damos como ex. o Hospital Rovisco Pais (Leprosaria) na Tocha (com dezenas de edificações espalhadas por uma área total de 110 ha) aproveitando integralmente uma doação do grande benemérito e o Hospital Psiquiátrico de Sobral Cid (próximo de Coimbra) com 15 edifícios espalhados por uma área de 10 ha, só para citar dois).

53) Plano de colonização interna que permitiu grandes desenvolvimentos agrários em vários pontos quase desabitados do País como, por exemplo, Pegões.

54) Construção de dezenas de Palácios da Justiça e remodelação de muitos Tribunais
55) Construção e remodelação de diversos Edifícios Prisionais e Prisões-escola
56) Construção da Central Termoelétrica do Carregado
57) Criação dos “Livros únicos” para o Ensino Primário e Secundário, o que proporcionou grandes economias às Famílias portuguesas da época

58) Criação das Pousadas de Portugal espalhadas por todo o Território
59) Criação da FNAT
60) Instituição do ABONO DE FAMÍLIA
61) Instituição da ADSE

62) Acolhimento fraterno e seguro a inúmeros refugiados de guerra dos quais se destaca o Sr. Calouste Gulbenkian que, em agradecimento desse bom acolhimento, doou a Fundação com o seu nome, que tanto tem ajudado e cultivado sucessivas gerações de Portugueses nos mais diversos ramos do Saber e da Arte.


Quando me dizem que tudo isto foi feito à custa da exploração ultramarina, eu respondo:
E o que lá ficou edificado e a seguir destruíram ou não souberam conservar?
Não ficaram inúmeros autóctones com cursos escolares primários, cursos médios e cursos universitários ministrados e pagos pelo Erário Público Português?

Não ficaram todas as Províncias Ultramarinas e nomeadamente Angola e Moçambique dotados de dezenas de CIDADES COMPLETAS onde se incluíam toda a espécie de edifícios habitacionais, Mercados, Redes de abastecimento de águas, Redes de efluentes, Escolas primárias, Liceus, Universidades, Hospitais, Quarteis e toda a espécie de instalações militares e até unidades completas de Radiodifusão?

Não ficaram disseminadas pelos territórios inúmeras Pontes e Viadutos, Barragens grandiosas (como Cambambe e Cabora Bassa, só para citar duas), inúmeras Estradas, diversas Linhas de Caminhos de Ferro, Portos de mar e modernos (à época) Aeroportos e Aeródromos, etc. ?

Para quem recebeu um País na Bancarrota, que atravessou as épocas difíceis da Guerra Civil de Espanha e da 2ª Guerra Mundial e teve ainda de enfrentar a Guerra do Ultramar, em três frentes, tendo deixado o País A CRESCER A 6% AO ANO, durante a sua última década de governação e muito mais de 600 toneladas de ouro nas reservas do Estado, é Obra!

** Comparem com os dias de hoje, depois de quase 50 anos de LIBERDADE!

Já no tempo de Jesus foi perguntado ao povo quem deviam salvar: o ladrão Barrabás ou Jesus Cristo e o povo escolheu o ladrão…………….. * Dois mil e vinte anos depois a história repete -se... como podiam hoje salvar Salazar e reconhecerem a sua obra? O povo aplaude e vota em ladrões, agora chamados CORRUPTOS.


Cada um tem o que merece, mas que é triste, lá isso é!”

 

Sem vírus. www.avast.com

 



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A. Oliveira