*Era uma vez um Acordo*
* Que de tão mal acordado*
* Causou zanga e confusão*
* Deixou tudo baralhado*
* O cágado ficou cagado,*
* Coitado do animal*
* Tão envergonhado estava*
* Que deixou de dar sinal*
* Os egitos no Egito*
* Não sabiam que fazer*
* Se ficar pelas pirâmides*
* Se beber para esquecer*
* O junho ficou minúsculo*
* Todos os outros também *
* Gritava o dezembro, fulo:*
* - Sou agora um Zé-Ninguém !*
* O pára passou a para*
* Mas que grande confusão*
* O trânsito ficou parado*
* Andava-se em contramão*
* O pêlo chamado pelo*
* E já ninguém se entendia*
* Uns rezavam ao Diabo*
* Outros à Virgem Maria*
* O facto ficou de fato*
* Mas não lhe serviu de nada*
* E reclamava sempre:*
* - Sem o meu “ c” não sou nada!*
* A receção sem o “p”*
* Sentia-se mesmo mal*
* Andava tão chateada*
* Que foi para tribunal.*
* - Que saudades do meu “c”!*
* Lamentava-se o noturno*
* Grande farrista que era*
* Tornou-se muito soturno.*
* Espetadas e espetadinhas*
* Fugiam dos espetadores*
* Tinham fama de sexistas*
* Os desonestos senhores*
* Vivesse o douto poeta*
* Homem de bom critério*
* Diria hoje decerto:*
* - Vós que lá do vosso império*
* Decretais Acordo novo*
* Calai-vos, que pode o povo*
* Querer um Português a sério!*
* Teresa Duarte Soares*
* Nuremberga, Alemanha*
* 19.05.2016*
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