Henrique Monteiro
Vergonha é o que não falta
Expresso, 8:00 Segunda-feira, 18 de Novembro de 2013
Há notícias
que só leio passados dias, ou que me escapam de todo. Ontem, porém, ao ler a
edição semanal do Expresso dei com um comentário a uma notícia do 'Correio da
Manhã". Quando a fui ler no 'Correio da Manhã' reparei que ela já tinha
sido comentada por uma jornalista daquele jornal. Este é, portanto, o terceiro
comentário sobre o mesmo assunto, depois dos que foram feitos pelos meus colegas
Fernanda Cachão, do CM, e João Garcia, director-adjunto do Expresso.Porém,
considero que não é demais repetir.
E espero que alguns leitores partilhem o assunto. Algum modo há-de existir para que certas
coisas não continuem.
E se não
houver modo, pelo menos os responsáveis hão-de ler por todo lado comentários
críticos que retratam a vergonha que deviam ter.
A questão é a seguinte:
Jorge Barreto Xavier, secretário de Estado da Cultura, departamento
que não tem dinheiro para - como
se costuma dizer - mandar cantar um cego
e vai
cortar 15 milhões de euros em despesas com pessoal, recrutou um 'boy' do PSD para
o seu gabinete a quem vai pagar como adjunto.
Ou seja, mais de três mil euros, mais do que ganha
um director de serviços, ou, como escreve no Expresso João Garcia, "mais que juiz, o mesmo que coronel, o dobro de
professor'.
Fernanda
Cachão ironiza que "afinal há
dinheiro" desde que seja "money for the boys".
Mas o melhor, o melhor mesmo é o currículo do adjunto:
- Tem 24 anos,
- três workshops
no centro de formação de Jornalistas, Cenjor,
- fez o estágio na
Rádio Renascença onde trabalhou oito meses
- e foi durante cinco meses consultor de
comunicação do...
PSD! Uau!!
Acresce que Barreto Xavier, antes desta contratação já tinha:
- três adjuntos,
- sete técnicos
especialistas,
- duas secretárias
pessoais,
- chefe de gabinete,
- dez técnicos
administrativos,
- três técnicos
auxiliares e
- três motoristas.
Falta dinheiro (salvo para os
boys) mas há excesso de
descaramento.
Digamos que se há algo que
não falta é vergonha.
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