12/10/13
“Mouros
em terra, Moradores às armas!”Brado que se ouvia nas terras portuguesas
desde o tempo do Rei D. Afonso II.
O país está esquizofrénico. A esquizofrenia
- cabe aqui lembrar - é uma doença mental que afecta o ser no seu todo. Infere-se,
pois, que o País está doente (e vai a caminho de ficar ligado à máquina).
Esta coisa de se comemorar o “Dia de
Portugal” nunca teve grande brilho, nem foi devidamente organizada e sentida,
apesar de já se terem ensaiado vários figurinos.
Foi sempre algo sem uma tradição bem
fundada.
A razão maior - está em crer- tem a ver com
o facto de não se haver determinado o dia em que devemos comemorar a
nacionalidade, pois não há uma data fundacional definitiva.
Poderia ser o dia 24/6/1128, data em que o
Condado se autonomizou “de facto”;[1] o dia 25/7/1139, data em
que Afonso Henriques foi alçado a Rei, na Batalha de Ourique; o dia 5/10/1143,
data do Tratado de Zamora, que nos garantiu a independência da suserania
regional, ou o dia 23/5/1179, data da Bula “Manifestis Probatum”, do Papa
Alexandre III – a autoridade de Direito Internacional, da época – que reconhece
a independência do reino de Portugal e o título de Rei a A. Henriques.
Noutra perspectiva pode-se considerar a
data de 1 de Dezembro de 1640, em que se restaurou a completa independência da
Nação e se aclamou um novo Rei, natural do reino, fundador de uma nova dinastia
nacional.[2]
A ideia do dia 10 de Junho é de inspiração
republicana e tomou forma aquando das comemorações do terceiro centenário da
morte dessa grande figura lírica chamada Luís de Camões, que exaltou de uma
maneira única e superior, a gesta histórica portuguesa.
Como se desconhece quando o poeta nasceu
fixou-se a data do seu passamento. Não é que Camões não mereça a distinção –
sendo de lamentar que, raramente, se refira a sua condição de soldado e
combatente pela Fé e expanção portuguesa – mas as razões em que se fundou a
homenagem, de luta política entre monárquicos e republicanos, não parece ter
sido a mais feliz…
Mas, enfim, medrou o 10 de Junho como dia
em que os portugueses passaram a comemorar serem portugueses!
E esta constitui, já, a segunda reflexão:
como poderemos comemorar ser portugueses se, desde o Tratado de Maastricht,
passámos a tentar deixar de o ser, para sermos uma coisa qualquer indefinida,
que tem a ver com o ser “europeu” e desde há dois anos a esta parte, nos visita
um triunvirato que manda a gente fazer coisas que os Filipes nunca se atreveram
a mandar?
Por isso parece-me que devíamos ter posto a
tónica nisto: o reganhar da independência e “armar-nos” para tal, sendo a
alternativa estarmos de luto carregado, espiando os tremendos erros político –
estratégicos (e morais), que fizemos nas últimas décadas e que uma nação antiga
de 900 anos, jamais deveria ter feito ou deixado fazer.
E não devíamos tirar o luto até ganharmos
juízo.
O PR passeia-se pelo País. Melhor fora que
permanecesse em Lisboa.
Lisboa é a capital e só excepcionalmente as
cerimónias a deviam abandonar. Todavia, em todas as cidades e vilas do antigo
Reino se deveria festejar o dia que nos individualiza no concerto das Nações
(agora mais “organizações”…).
Porém o que se passa é que o PR se passeia
aleatoriamente pelo Continente e Ilhas, acompanhado pela sua Corte – o que nem
sequer é barato – enquanto o resto do país vai a banhos ou encolhe os ombros.
Há qualquer coisa de errado nisto…
O actual PR tem a seu crédito, ter
recuperado as Forças Armadas para as cerimónias oficiais do 10 de Junho, de
onde estiveram, inacreditavelmente, arredadas desde 1974 – uma prova
insofismável do desvario em que caímos!
Contudo, a verdadeira homenagem aos
combatentes mortos pela Pátria - sem o que Portugal não teria sobrevivido a
1128 – não é feita nas cerimónias oficiais do 10 de Junho, mas sim nos eventos
junto ao monumento aos mortos do Ultramar, em Belém, organizados por um grupo
de cidadãos e sem qualquer vínculo ou apoio do Estado.[3] A única cerimónia genuína
e sã, que agora se realiza.
Ou seja há dois 10 de Junho…[4]
Entre muitas coisas inacreditáveis que se
passaram este ano, desde que na mesma semana se inaugurou uma avenida com o
nome de um traidor à Pátria, até haver um condecorado com a Ordem da Liberdade,
que atentou contra ela (liberdade), ocorreu um episódio que se pode considerar o
cúmulo do surrealismo político-diplomático.
Ora meditem.
No dia em que os órgãos de soberania
comemoram o dia do país que andam a alienar a estranhos, entre assobios e
apupos de parte dos populares presentes – o respeito esvaiu-se, mas também
ninguém que não se dê ao respeito, pode esperar ser respeitado – aterrou em
Lisboa a “Presidenta” do Brasil.
Logo no dia em que se comemora um dos mais
lídimos cultores da língua pátria, cai-nos em sorte um erro ortográfico…
Bom, independentemente dos brasileiros
gostarem de alçar a presidente pessoas menos recomendáveis para o cargo – como
parece ser o caso – o facto é que a senhora aparece entre nós com esse título,
e a título oficial. E pela primeira vez depois de ser eleita.
Eis pois uma situação esdrúxula de todo:
sabe-se à última da hora; o PR, o Governo, a AR, etc., estão todos em Elvas;[5] a senhora em vez de ter o
PR a recebê-la, tem o MNE; havendo a festividade maior do País, a Presidente do
Brasil – e digamos que não será o mesmo que ter por cá a mais alta figura do
Burkina Fasso – não comparece à mesma, uma gafe inexplicável e inconcebível, a
todos os títulos!
E nem se digna colocar uma coroa de flores
no túmulo de Camões, nos Jerónimos!
E não comparece em Elvas porquê? A pergunta
é mais que pertinente e óbvia e parece que ninguém se incomodou com isso. Não
foi convidada? Não quis ir? Foi tudo feito em cima do joelho? Não tinha tempo
para ir?
Convenhamos que qualquer resposta é cada
uma pior que a outra…
A piorar as coisas, Dona Dilma ainda
resolve receber o ex-Presidente Mário Soares e o líder do principal partido da
oposição, antes de se encontrar oficialmente com os PR e PM, à revelia do
protocolo de Estado, quer nacional quer internacional, numa atitude de afronta
inqualificável.
E a questão ainda se torna mais feia
quando, aparentemente, a ex-revolucionária agora à frente de uma potência que
virou capitalista, e a quem nunca se conheceu um gesto de simpatia por
Portugal, fez um “tocar e andar” na Portela, para ir a uns saldos de empresas,
que por cá se querem passar a trocos.
Tudo selado em brindes sem lustre, entre o
lustroso luxo da Ajuda!
Pelos vistos estão todos bem uns para os
outros.
Alienam tudo estes desgraçados políticos
que nos calharam na rifa eleitoral, entremeados por “inoculações” de entidades
estranhas ao país, que fazem o Cristóvão de Moura parecer um menino de coro!
É a EDP TAP, a RTP, a RDP, os CTT (!),
etc., já falam na água – na água, ó pessoas da minha terra! Será que também vão
querer que ponhamos as nossas mães e mulheres á venda?
Também estarão a pensar aderir ao “Banco de
Sementes” que se anda a preparar em Bruxelas, e que a ir para a frente,
constituirá um dos mais notáveis instrumentos de escravidão jamais inventado?
Infelizmente tudo o que descrevo dá bem o retrato em que caíu o nosso
Portugal: uma verdadeira casa de passe política.
Não é bonito de se dizer e é, seguramente,
desagradável de ouvir. Sem embargo, representa a mais cristalina das verdades.
Apetece dizer:
“Mouros em terra, moradores às armas”!
João J. Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador
[1]
Esta data tem a grande vantagem de ser o nosso “grito de liberdade”; tudo
aquilo que se passou nas outras datas, limitou-se a reconhecer o que foi
conseguido naquele dia. Aliás, só se reconhece o que já existe…
[2]
Data, que é bom recordar, foi a escolhida para ser o nosso 1º feriado nacional,
que o actual governo, em mais um acto de crime de lesa-Pátria, decidiu
aleivosamente abolir. Uma acção miserável de bastardia política.
[3]
O apoio prestado pelos Ramos das FA e GNR, não é prestado enquanto estruturas
do Estado, mas sim como emanação da Nação em armas…
[4]
Ponhamos as coisas em perspectiva: todos os portugueses são importantes; todas
as profissões são úteis; todos os sectores da vida nacional concorrem, ou devem
concorrer, para o engrandecimento da Nação, a harmonia e justiça social e o bem
- estar da população. Mas se não houver compatriotas dispostos a lutar e morrer
em defesa da comunidade, todo o esforço e obras dos restantes é vão; ou pode
estar a um passo de o ser.
[5]
Onde teria ficado bem uma palavra lembrando a portuguesíssima terra de
Olivença, cativa de Espanha desde 1801.
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