quinta-feira, 14 de outubro de 2010

III Antologia de Poetas Lusófonos



MUITO DEVAGARINHO

O que é natural e bom, não se prepara,
Nasce espontaneamente como o Sol,
Dos simples vem a naturalidade rara,
Os simples não têm coisas em bemol.

Os olhos e ouvidos não alcançam tudo,
Mas nosso coração, que não vê, sente bem,
O que vai neste grande e teatral mundo,
Dão-se ao poder, ao dinheiro, aos que têm.

A fútil vaidade, a inútil cobiça, a inveja,
Invadiram nossas vidas e nossos corações,
Como uma peste maldita ou erva daninha.

Cegando os olhos para que ninguém veja,
Sangue contra sangue, tantas as maldições,
Cozinhando as almas muito devagarinho.

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