sexta-feira, 23 de setembro de 2016

SEJA BEMVINDA A GALIZA

Galiza?

Venha ela

Foi no dia 15 de Setembro que um deputado do PSOE se abeirou
de António Costa e lhe entregou uma carta. Não continha nenhum
segredo, mas sim um pedido. Que
intercedesse pela adesão da Galiza
à CPLP. O PSOE, disse o deputado,
iria ganhar as eleições autonómicas
e queria muito, sendo governo,
“trabalhar com Portugal”. Tirando
o facto de o PSOE estar em vertiginosa queda
em Espanha, esse desejo é já muito antigo.
E é alimentado quer em Portugal, quer
na Galiza, por grupos distintos. Ninguém
duvida que a história e a cultura (nesta se
incluindo a língua) nos aproximam da Galiza,
e que isso tem, ao longo dos tempos, criado
laços imorredouros. Mas a CPLP, tal com o
nome indica, é uma comunidade de países
e a Galiza é uma comunidade autónoma
espanhola. Ignora-se isto? Altera-se para
CPPLP, passando a Comunidade de
Países e Povos? Mesmo assim, resta
a questão da língua, outra discussão
antiga. Embora foneticamente e
graficamente seja muito próxima
do português de Portugal (e nela nos
irmanamos), a língua galega orgulha-se, com razão, da sua identidade. Mas há quem pretenda, vejam só, a aplicação na Galiza do acordo ortográfico de 1990
(aliás, o “grupo excursionista” dos arautos
do AO costuma ter uma participação galega),
a pretexto de que ali se fala português. Isto
tem oposto acerrimamente defensores do
Português e do Galego, sem grande proveito.
Se alinharmos várias palavras da Língua
Galega veremos que, para passarem a
Português, basta mudar uma ou duas letras.

Por exemplo: imaxes, proxectos, xeración,

xeografías, paisaxe, xénese, subxectividade,
estratéxico, misóxino, simboloxía, xa, paxariño (onde o x substitui o g ou o j). Mas

há diferenças mais acentuadas, como moi

por muito ou unha por uma. Apesar disso,

o fantasma da uniformização gráfi ca paira
sobre a Galiza, e isso só pode entristecer
quem a preza. Imaginam a língua de Castelao
ou Rosalía aplainada? Quanto ao resto, até
para contrabalançar parceiros inenarráveis
como a Guiné Equatorial, que venha a Galiza!
Imaginam a língua de Castelao ou Rosalía
aplainada?

PÚBLICO,

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