quarta-feira, 18 de maio de 2011

POR FAVOR NÃO VOTEM NELES

Assunto: POR FAVOR NÃO VOTEM NELES QUE É CRIME



Mando como recebi!!!
POR FAVOR NÃO VOTEM NELES QUE É CRIME

Dignidade nacional


JOÃO CÉSAR DAS NEVES

DN(2011-04-11)

Nas próximas eleições existe um elemento fundamental em jogo:
dignidade nacional. Se, como várias vozes alvitram, o partido de José
Sócrates tiver um resultado digno, a nossa democracia sofrerá um rude
golpe. Portugal será a chacota mundial.

Não se trata de uma questão de votos, mas de elementar racionalidade.
Aqueles dirigentes que presidiram seis anos, quatro dos quais em
maioria, aos destinos nacionais, não podem ser poupados. Depois de
longos tempos a negar a realidade, a manipular a imagem, a pintar
quadros ilusórios em que cidadãos e mercados não acreditam, só ficarão
impunes com descrédito para o sistema político.

Nos últimos 32 meses, ou o Governo ignorava a realidade ou sabotou
deliberadamente a situação nacional. Não há outra explicação. Se a
charada da vitimização tiver êxito eleitoral, isso mostra não a
qualidade do Governo mas a tolice (e, a estupidez) dos eleitores. Com
a chantagem da instabilidade, ficção da política de sucesso, desplante
de negar o óbvio, Sócrates andou anos a dançar na borda do vulcão.
Agora que o País caiu lá dentro, o PS não pode ser poupado. Como na
Grécia e na Irlanda, Portugal precisa de que ele perca forte a 5 de
Junho.

Antigamente, algo evitava estas circunstâncias. Chamava-se vergonha. O
responsável pela condução nacional ao colapso, mesmo considerando-se
tecnicamente inocente, assumia politicamente a situação e afastava-se
para dar lugar a outros. Mas esse pudor político anda muito arredado
das praias nacionais, como andou no auge do Liberalismo oitocentista e
na ruína da Primeira República. Mais que a incompetência e corrupção,
era o descaramento dos responsáveis que então destruía a vida
nacional. Foi essa a nossa experiência democrática até meados do
século XX.

Por isso, após 1974 tanto se temia o regresso da liberdade, que nunca
rodara bem nestas paragens. Surpreendentemente, o regime funcionou.
Funcionou mesmo muito satisfatoriamente. Nas três primeiras décadas
após Abril, apesar de inevitáveis tropelias e abusos, presentes em
todos os regimes, existiu honra, dignidade, elevação, acompanhada por
alternância e desportivismo. É isso que tem resvalado ultimamente. As
próximas eleições mostrarão se regressámos à antiga podridão ou se
foram lapsos passageiros.

Mas não há situações em que, após o desastre, a administração
permanece? Sim, nos casos de Mugabe, Gbagbo e, até há pouco, Mubarak
ou Kadhafi. É essa semelhança que nos condena.

Quer isto dizer que o Partido Socialista tem de ser punido? Este PS
sim! Aliás, o partido é uma das grandes vítimas da situação. A
reeleição estrelar de José Sócrates, consagrada no XVII Congresso
deste fim-de-semana, com votações à Mugabe, apenas manifesta isso de
forma pungente. Quando acabar o delírio, será preciso salvar o partido
deste longo pesadelo que se arrisca a afectá-lo gravemente. Além de
arruinar o País, o consulado Sócrates, na única maioria absoluta
socialista, danificará seriamente a sua área ideológica. Na ânsia de
se salvar política e pessoalmente, o primeiro-ministro enterra aquilo
mesmo que diz defender.

Uma das declarações originantes na nossa democracia deu-se a 26 de
Novembro de 1975. O vitorioso major Ernesto Melo Antunes disse na
televisão, relativamente aos vencidos: "A participação do PCP na
construção do socialismo é indispensável." Agora é bom lembrar que o
Partido Socialista é também indispensável à democracia. Estes meses
são dos piores da sua ilustre história. Mas o longo delírio socrático,
que termina nesta louca corrida para o abismo num autismo aterrador,
não pode servir para desequilibrar duradouramente a estrutura
partidária nacional. Há que salvar o PS de si mesmo.

No dia 5 de Junho, os portugueses votarão. Costuma louvar-se a
sabedoria do povo. É fundamental que os eleitores, entre alternativas
mornas e demagogia dura, compreendam a situação. A escolha hoje não é
de políticas. Após 32 meses de negação, ilusões e derrapagem, quem for
eleito terá grande parte da sua tarefa definida pelos nossos credores.
O que está em causa é mesmo a dignidade nacional.



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Errar é humano. Colocar a culpa em alguém é estratégico.

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