ENC: FW: Poemas da Globalização - Afonso Lopes Vieira - Espectacular!
De: Manuel Frazao Vieira <manuelfrazaovieira@hotmail.
Enviado: domingo, 19 de julho de 2020 14:35 Assunto: ENC: FW: Poemas da Globalização - Afonso Lopes Vieira - Espectacular!
De: Manuel Frazao Vieira <manuelfrazaovieira@hotmail.
Enviado: domingo, 19 de julho de 2020 13:03 Para: Manuel Frazao Vieira <manuelfrazaovieira@hotmail. Assunto: ENC: FW: Poemas da Globalização - Afonso Lopes Vieira - Espectacular! Assunto: Poemas da Globalização - Afonso Lopes Vieira
AFONSO
LOPES VIEIRA nasceu em Leiria a 26 de Janeiro de 1878, com ligações
familiares à freguesia das Cortes-Leiria. Morreu aos 67 anos. Adquiriu o
título
de Bacharel em Leis na Universidade de Coimbra. Tentou a advocacia, por
pouco tempo, pois, radicou-se, em Lisboa, como redactor na Câmara de
Deputados. A partir de 1916 dedicou-se, em exclusividade, à actividade
literária. Penso, se a memória e a idade não
me atraiçoarem que Afonso Lopes Vieira é o autor da letra do "AVÉ DE
FÁTIMA" ... "A treze de Maio ..."
São
obras suas: "O Pão e a Rosa"; "Canções do Vento e do Sol" e "Ilhas de
Bruma". Pertenceu aos ideais renascentistas e nunca esqueceu as suas
origens leirienses cantando
a sua paisagem bucólica e romântica, sobretudo, a sua casa de São Pedro
de Moel, a "Casa-Nau", hoje, Casa-Museu e instalações da Colónia
Balnear Afonso Lopes Vieira. Mais tarde, doou esta sua casa à Câmara
Municipal da Marinha Grande, destinada a casa de férias
dos operários vidreiros.
Em
14 de Fevereiro de 1920 foi agraciado com o grau de Grande Oficial da
Ordem Militar de Santiago da Espada. Bom leiriense e bom Homem!
Abraços / M. Frazão
Pois bem!Por Afonso Lopes Vieira 1878-1946
Se um inglês ao passar me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: -- Pois bem!
se tens agora o mar e a tua esquadra ingente,
fui eu que te ensinei a nadar, simplesmente.
Se nas Índias flutua essa bandeira inglesa,
fui eu que t'as cedi num dote de princesa.
e para te ensinar a ser correcto já,
coloquei-te na mão a xícara de chá...
E se for um francês que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: -- Pois bem!
Recorda-te que eu tenho esta vaidade imensa
de ter sido cigarra antes da Provença.
Rabelais, o teu génio, aluno eu o ensinei
Antes de Montgolfier, um século! Voei
E do teu Imperador as águias vitoriosas
fui eu que as depenei primeiro, e ás gloriosas
o Encoberto as levou, enxotando-as no ar,
por essa Espanha acima, até casa a coxear
E se um Yankee for que me olhar com desdém,
Num sorriso de dó eu pensarei: -- Pois bem!
Quando um dia arribei á orla da floresta,
Wilson estava nu e de penas na testa.
Olhava para mim o vermelho doutor,
-- eu era então o João Fernandes Labrador...
E o rumo que seguiste a caminho da guerra
Fui eu que to marquei, descobrindo a tua terra.
Se for um Alemão que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: -- Pois bem!
Eras ainda a horda e eu orgulho divino,
Tinha em veias azuis gentil sangue latino.
Siguefredo esse herói, afinal é um tenor...
Siguefredos hei mil, mas de real valor.
Os meus deuses do mar, que Valhala de Glória!
Os Nibelungos meus estão vivos na História.
Se for um Japonês que me olhar com desdém,
num sorriso de dó eu pensarei: -- Pois bem!
Vê no museu Guimet um painel que lá brilha!
Sou eu que num baixel levo a Europa á tua ilha!
Fui eu que te ensinei a dar tiros, ó raça
belicosa do mundo e do futuro ameaça.
Fernão Mendes Zeimoto e outros da minha guarda
foram-te pôr ao ombro a primeira espingarda.
Enfim, sob o desdém dos olhares, olho os céus;
Vejo no firmamento as estrelas de Deus,
e penso que não são oceanos, continentes,
as pérolas em monte e os diamantes ardentes,
que em meu orgulho calmo e enorme estão fulgindo:
-- São estrelas no céu que o meu olhar, subindo,
extasiado fixou pela primeira vez...
Estrelas coroai meu sonho Português!
P.S.
A um Espanhol, claro está, nunca direi: -- Pois bem!
Não concebo sequer que me olhe com desdém.
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domingo, 19 de julho de 2020
Afonso Lopes Vieira
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