Borges da Cunha

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

O FRUTO DOS "INTELIGENTES" QUE TEMOS.

 As pessoas simulam que são dotadas de inteligência e coerência, quando, na verdade, são apenas carneirinhos.

 

É fácil, viver num apartamentozeco, ir e voltar do trabalho imerso na multidão e na poluição de uma qualquer cidade ou arrabalde destas, passar uns dias de férias no algarve, ir ao cinema, navegar na internet, regalar-se com a Netflix e vangloriar-se de que se é a favor de tudo e mais alguma coisa, seja dos animaizinhos, ambiente, ciganos, minorias, direito das mulheres, democracia, liberdade de opinião, etc...

 

O raio é que falta coerência e consistência.

De que adianta pintar os lábios de vermelho em suposta defesa das mulheres, da sua liberdade e da sua honra SE, depois, se diz ser também defensor da etnia cigana e das suas tradições?

Fica fácil e parece bem sermos a favor da etnia cigana. MAS... e é sempre o dito "mas" que lixa tudo... Alguém sabe, mas sabe sabendo, não julgando que sabe... como são tratadas as mulheres e o papel das mesmas dentro da etnia cigana?

Quantas meninas ciganas chegam a terminar o 9º ano?

Quantas meninas ciganas completam o 17º aniversário sem estarem ainda "casadas"?

Quantas meninas ciganas são mães antes da maioridade?

Quantas meninas ciganas têm e sentem igualdade de género dentro da etnia?

Quantas meninas ciganas podem escolher livremente o seu futuro ou até mesmo o seu futuro marido/dono?

Acaso sabem que as próprias famílias espancam e perseguem qualquer menina cigana que desobedeça à "lei" e tradição da etnia?

Acaso sabem que muitas meninas ciganas nem são autorizadas a participar em visitas de estudo ou em aulas de natação em contexto escolar?

Acaso, conseguem, da vossa rua cercada de prédios, ver o estado em que vivem, sobrevivem e se reproduzem os ciganos?

 

Pois. Se calhar, não sabem, mas eu sei as respostas.

Sei, porque conheço e lido com ciganos desde a infância.

Sei, porque já estive presente em interrogatórios judiciais e julgamentos com ciganos que haviam roubado, agredido, matado... ali, olhos nos olhos... a ouvir os factos e a confissão ou desculpa dos mesmos.

Sei, porque a minha mulher e outras colegas têm tido diversos alunos ciganos, ao longo dos últimos 20 anos. Alunos que têm o máximo de privilégios do Estado e o máximo de atenção e carinho das professoras, mas cujos lideres do acampamento retiram da Escola, quando acham conveniente.

 

Experimentem a fazer um telheiro no vosso terraço ou a colocar uma casa de madeira num qualquer terreno da vossa propriedade e irão perceber, rapidamente, o peso da fiscalização camarária e o custo da contra-ordenação que serão forçados a pagar.

Enquanto isto, podem verificar que existem autênticos bairros/acampamentos montados sobre terrenos alheios, por parte de ciganos, onde até os serviços de recolha de lixo vão instalar contentores.

 

Experimentem ir a um Hospital e a incumprir as regras, a agredir os seguranças ou o pessoal médico e vão ver o tempo que estarão sem algemas.

Os ciganos fazem e repetem... e, lá lhes arranjam um mediador, como fizeram no Hospital de Beja e outros, com a desculpa que eles não saberão/compreenderão que agredir quem está a cumprir  funções para o Estado que lhes dá subsídios, é algo que não devem fazer.

 

Experimentem a ter uma hortinha, onde trabalham e vertem suor e esforço, na proximidade de onde viva uma comunidade cigana e irão ver o que conseguem colher da mesma.

 

Os fascistas, provavelmente, quereriam exterminar os ciganos. Contudo, aqueles muitos, sobretudo no Alentejo, que votaram em André Ventura, não são fascistas, são apenas gente cansada e farta de gente que gosta de tudo e todos, mas vive longe dos problemas.

Os fascistas serão muito poucos, mas as avestruzes serão imensas.

 

Outro dos temas da moda é ser a favor da Constituição da República Portuguesa, da Liberdade e da Democracia.

 

E, realmente, todos deveríamos ser a favor disto.

 

MAS... lá está o dito, novamente... quantos já leram a Constituição? Quantos realmente a conhecem?

 

E assistir à crescente degradação e humilhação dos agentes da autoridade será ser a favor da Liberdade e da Democracia?

Ver, cada vez mais gente a trabalhar e a não conseguir pagar as suas contas, enquanto outros se regalam, sem nada fazer e a receber parte da riqueza que os primeiros produzem, é ser a favor da Liberdade e da Democracia?

 

Ver Polícias a ser agredidos, desrespeitados e perseguidos é ser a favor da Liberdade e da Democracia?

Quando alguém bate num Polícia e o Polícia também bate nesse alguém, a tal defesa da Liberdade e da Democracia é ir apenas tirar umas fotos com os que, de facto, bateram na Polícia? Ou seria, no mínimo, manter-se neutro até que se averiguasse o sucedido?

 

A Liberdade, a Democracia e a defesa da Constituição é querer e defender a Eutanásia, a despenalização das drogas, a liberalização de tudo e mais alguma coisa desde que seja do agrado da malta e atacar a cultura e as tradições das gentes do interior?

 

Então, em nome da Liberdade e da Democracia devo poder abortar, ser sujeito a eutanásia, casar com uma pessoa do mesmo sexo, consumir droga, não trabalhar e receber um subsídio e não posso gostar de touradas, ou ser Caçador?

Posso assistir a uma parada LGBT em horário nobre, nos noticiários, mas as touradas só podem ser transmitidas a partir de determinada hora ou devem até ser proibidas na televisão?

As crianças devem ser educadas numa agenda radical de loucuras de género, transgénero, multigénero e género da puta que os pariu e não podem acompanhar os pais a uma tourada?

E, tudo isso, em nome da Liberdade(?) e da Democracia(?)!!!???

 

Acreditam nisso? É coerente?

 

E o Ambiente? Então, a malta que corre a estudar ou trabalhar em Lisboa ou Porto e por ali se fixa, renegando muitas vezes as origens, e que contribui activamente para grande percentagem da poluição verificada no país é que são a favor do Ambiente???

E querem mandar palpites e fazer Leis para que os que vivem, de forma sustentada, longe dos grandes aglomerados urbanos, sejam forçados a cumprir?

 

Os cidadãos têm que respeitar quem é laico, mas os laicos não respeitam os que são crentes numa qualquer religião?

 

A malta acha fino ser vegan, mas isso não lhes basta?

Além de serem vegans acham que a Liberdade e a Democracia é querer forçar todos os outros a também o serem?

 

Surge este tal de Ventura e é um "Deus nos acuda" que vem aí o papão da extrema direita... e, então a extrema esquerda do BE e o radicalismo louco e insensato do PAN?

Esses não atentam contra a Liberdade e a Democracia?

Esses não são perigosos?

 

Ainda não perceberam que os "pais" do Ventura são o BE e o PAN?

 

Eu não me importo que haja vegans, laicos, gays, lésbicas, malta que fuma erva, gente que odeia touradas, gente que é anti-caça, que haja ciganos, pretos, amarelos, chineses ou esquimós, etc.

E, não me importo, porque sou, sinto-me e actuo REALMENTE com respeito pela Liberdade e pela Democracia e porque até conheço, exaustivamente, o teor da Constituição da República Portuguesa.

 

E, por ser e actuar assim, não permito, nem vou permitir que outros me queiram restringir nos meus direitos e liberdades e me queiram formatar e subjugar aos seus gostos e interesses pessoais.

 

As pessoas que votaram no André Ventura não são fascistas, são apenas gente farta e social e culturalmente oprimida pelos radicalismos de esquerda e dos amiguinhos dos animais.

 

A culpa do voto no Ventura é do PS e do PSD que embarcaram nesta coisa das modas, ao invés de manterem o rumo norteado pelo bom senso e pela coerência.

 

Tanto pisaram, tanto desrespeitam e menosprezaram o português comum, que as pessoas se começaram a revoltar.

 

Ainda há tempo para evitar males maiores, assim o PS e o PSD consigam ler os sinais e arrepiar caminho.

 

Caso contrário... a realidade vai encarregar-se de lhes abrir a pestana."


...
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domingo, 24 de janeiro de 2021

PARECE MENTIRA MAS É VERDADE.

   Aviso de uma história verídica

 

Poderão pensar que é anedota mas não, estas nossas leis é que fazem rir, ou, melhor dizendo, fazem chorar e muito e, como tal, deveremos precaver-nos.

Portanto:
Se forem assaltados (espero bem que não, mas aqui fica o aviso) recebam o assaltante de braços abertos, conduzam-no até aos sítios onde possam existir artigos que sejam do seu interesse e após a entrega do saque, ofereçam uma uma bebida, conduzindo-o, amavelmente, até à porta a fim de que o sujeito saia com a dignidade que merece.

Não lhe batam, não lhe dêem um tiro, nem lhe preparem nenhuma armadilha, ou poderá acontecer-vos o mesmo que aconteceu ao Agostinho Vieira, de 79 anos, sito em Ermesinde, com o seu armazém de sucata, vária vezes assaltado.


O dito senhor, infelizmente, não avisado para ter a actuação que eu vos informo que devem ter, decidiu montar várias armadilhas no armazém, para tentar apanhar o ladrão que lhe provocava prejuízos.

Sucede que um dos invasores, meteu um pé num fio, que estava ligado não se sabe bem onde nem a quê, (não era arma de fogo) e apanhou com uma cartuchada numa perna.

O dito senhor Agostinho Vieira, não deve ter tido o cuidado de pedir desculpa ao ladrão, ou inclusive, de o conduzir de imediato ao hospital mais próximo, não deixando de acompanhar a sua presença com o saque pretendido pelo assaltante e, disto resultou que dada a sua proveta idade (eventualmente com uma vida contínua de trabalho, o que, mais do que certo, o tal assaltante nunca teve) o Senhor Agostinho Vieira  saiu ontem, amparado por familiares,   do  tribunal de São João Novo, no Porto, com a seguinte sentença:

PASMEM- SE PESSOAS DE BOA FÉ

O Senhor Agostinho Vieira, pessoa de 79 anos, várias vezes tendo o seu armazém assaltado pelo mesmo invasor, "foi condenado a 5 anos de pena suspensa", por ter tentado dar uma cartuchada no dito cujo ladrão e ter várias armadilhas instaladas, de forma a tentar apanhar o assaltante.
 
Como se tal não fosse já um pouco bárbaro, o idoso e várias vezes assaltado, foi ainda condenado a pagar ao assaltante, de 40 anos, uma indemnização de €37.500,00.


 


Agora a parte ainda mais anedótica...


O senhor assaltante, de 40 anos de idade e nome Manuel Marques, não ficou nada satisfeito com a indemnização e queria, no mínimo, € 80.000,00, alegando que, dado o ferimento, não consegue, por enquanto, arranjar "trabalho". (?) ,,,, continuar a roubar.

 

https://www.sabado.pt/ultima-hora/detalhe/ladrao-ganha-37-500-euros-em-assalto-falhado 



Face ao exposto e como me preocupo com os meus amigos, façam como vos disse de início:

Recebam o assaltante com a dignidade que ele merece, abram inclusivé a porta a fim de evitar o uso de ferramentaria que o possa aleijar.


Mesmo antes da entrega do saque (que não deve ser entregue em saco de plástico)  e para que ele não se canse, convidem-no a sentar-se no sofá (se a televisão estiver em frente, permitam que ele esteja entretido perguntando qual o canal que ele pretende ver) e não se esqueçam de oferecer uma bebida ou, ainda, para que a recepção seja mais adequada e condizente, perguntem o que ele pretende beber. Se ele for benfiquista, dêem-lhe uma camisola autografada do Félix.

Um charuto, no caso de fumarem, também é saudável oferecer.

Antes que me esqueça, não deixem de apresentar a família.

P.S. - Se a moda pega, e há vários antecedentes, um ladrão que foi baleado em 2009 a assaltar um café, em Lousada, recebeu €2.500,00...
...os  donos de um café em Albergaria-a-Velha, tiveram que pagar €75.000,00 ao ladrão...

Convém repensar como agir.


É que se o CES não incidir sobre estas indemnizações, convém mais roubar, que trabalhar.......................

Não se esqueçam.....tratem o ladrão com dignidade...ou ainda se lixam...

Quem avisa, bom amigo é.....

 

 

 

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terça-feira, 12 de janeiro de 2021

CURRÍCULUM ALDRABADO.,..

 

Podemos não ligar, mas não somos parvos

Henrique Monteiro

Henrique Monteiro 

Ex-Diretor; Colaborador

O primeiro-ministro e a ministra da Justiça deveriam compreender bem esta coisa simples: não podem partir do princípio de que os eleitores são parvos. Mesmo que não liguem, entendem. Escrevo a propósito do mais do que célebre procurador europeu e a falsificação do seu currículo

6 JANEIRO 8:00

Já sei que falsificação é uma palavra esdrúxula no vocabulário oficial, onde se deve escrever e dizer lapso. Aproveito o argumento para dizer que a palavra falsificação, escrita por mim, foi um lapso. E um lapso dos meus serviços, que são constituídos por um grupo de desmazelados e desmiolados.

Pronto, não tendo acusado ninguém de falsificador, o caso fica arrumado. É algo sem importância. Hei de lembrar-me disto para o futuro, não volte a ser ameaçado com processos, tribunais e coisas do estilo.

Mas vamos a factos. Escrevi sobre o assunto no princípio de agosto, há cinco meses. Já na altura se sabia que:


1.       A Procuradoria Europeia começaria a funcionar no final de 2020, no Luxemburgo;

2.       Os 22 países que subscreveram este acordo decidiram, cada um deles, indicar um procurador cujo currículo, perfil e desempenho seria submetido a um comité europeu de peritos;

3.       A ideia era que a Procuradoria Europeia não fosse uma espécie de cimeira intergovernamental;

4.       O comité de peritos (do qual fazia parte o presidente do nosso Tribunal de Contas) avaliaria e ordenaria os candidatos;

5.       Mesmo antes de os nomes portugueses seguirem para a Comissão, uma das candidatas já tinha colocado em causa o processo por uma razão ponderosa: os critérios de seleção, em Portugal, foram estabelecidos depois – e este depois brada aos céus – de conhecidos os nomes;

6.       Essa mesma candidata foi, ainda assim, escolhida, e o seu nome enviado juntamente com outros dois;

7.       O comité europeu colocou-a como a mais bem classificada da lista portuguesa;

8.       A ministra, porém, escolheu outro nome - ousadia que apenas mais dois países cometeram (Bélgica e Bulgária);

9.       Declarações de voto da Áustria, Estónia, Luxemburgo e Holanda, manifestaram a sua oposição a essas intromissões governamentais;

10.    Alguns académicos europeus (entre os quais Poiares Maduro e Rui Tavares) pediram a anulação das designações para a procuradoria europeia;

11.    Nada disto demoveu a ministra e o Governo, que levaram a sua avante.


O que aqui temos é fantástico. Esta procuradoria europeia destina-se, entre outras tarefas, a escrutinar a aplicação transparente e rigorosa dos fundos, também conhecidos por bazuca ou ‘orgia financeira’. Ora, quando o escrutinado escolhe o escrutinador, entrámos no reino da rainha de Copas de ‘Alice no País das Maravilhas’ (a que gritava primeiro corta-se a cabeça, depois faz-se o julgamento).

Em segundo lugar, todos os argumentos que o Governo deu para escolher o seu candidato caem um por um. Deu o argumento da idade: mas a prova a que concorrem exige mais de 20 anos de experiência e nenhuma idade mínima (seria idiota, uma forma rude de dizer estulto, impor idade mínima e simultaneamente 20 anos de carreira); deu o argumento da experiência, mas o procurador escolhido não tem como especialidade (apesar dos lapsos no currículo) a criminalidade económica, ao contrário da procuradora em causa; por outro lado, num concurso para o OLAF (Organismo Europeu de Luta Anti-Fraude), o procurador tinha ficado classificado atrás da procuradora.

Por último, dá o argumento da autoridade: quem tem de decidir é o Governo e não o comité de peritos. E tem razão formal, embora não se perceba para que aceita submeter os nomes a uma comissão de peritos, se depois não segue o que dizem os mesmos peritos.

A bem da contenção (eu na altura escrevi que o processo era uma vergonha, e mantenho, embora por lapso possa dizer que além de vergonha é um insulto à inteligência de quem o segue, e uma provocação a quem defende a independência da magistratura e uma forma autoritária, antidemocrática, de exercer o poder), mas a bem da contenção dizia eu, vamos partir do princípio de que o Governo tem razão em tudo.

Por isso, José Guerra é muito melhor do que Ana Carla Almeida, os dois procuradores em causa. Seja como for, e apesar do processo estar instruído de forma limpa e sem qualquer margem de dúvida, tendo até apenso um currículo sem lapsos, foi necessário mandar outro currículo, ou uma nota explicativa, ou o que fosse, para a nossa representação junto da UE.

Esta foi feita no Ministério da Justiça. Diz o diretor-geral que se demitiu, homem desde sempre ligado ao PS, professor de Direito, que a fez de acordo com diretivas da ministra. Já se viu que, por lapso, é mentiroso. A ministra não deu quaisquer diretivas e nunca olhou para o papel que seguiu para o seu gabinete a fim de ser mandado para Bruxelas. Por que haveria de fazê-lo? Um processo banal como aquele merecia qualquer interesse especial de um responsável político? Claro que não!

Mais tarde, a correspondente da SIC em Bruxelas, Susana Frexes, repara que o currículo enviado está, digamos, cheios de lapsos a engrandecer o procurador escolhido.

Que maçada! Mas são lapsos.

Os partidos e diversos comentadores, os candidatos presidenciais, começam a pedir explicações. Alguns pedem a demissão da ministra. Que disparate! A ministra não viu nada, pelo que mandou investigar os lapsos. Já se sabe de onde vieram, do senhor que se demitiu, professor de Direito. Caso arrumado.

E vem o senhor primeiro-ministro e diz que mantém a confiança na ministra, que tudo isto é uma sucessão de pormenores sem importância.

Por lapso, apetece-me dizer que as sucessões de pormenores fazem um caso muito grave. Gravíssimo e vergonhoso. Por lapso, ainda, lembro-me que o procurador José Guerra trabalhou com o adjunto do gabinete da ministra, o procurador Lopes da Mota, que chegou a estar suspenso pelo CSMP, depois de ter pressionado outros procuradores a largarem o caso Sócrates. Por lapso, chego a pensar que isto anda tudo ligado.

Por isso, caro Dr. Costa, cara Drª Francisca Van Dunem, com todo o respeito, reconheçam que toda a gente percebeu o que se passou. É bom que não nos tomem por parvos. Não ter interesse no assunto, é uma coisa, engolir as patranhas (lapso: as vossas opiniões) é outra bem diferente!

 

...
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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

O NATAL DA INDIGNIDADE

 

Anuncio que me despeço do Natal

Dez 25, 2020 | Moral da história

Pelo padre José Júlio Rocha

Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz. E teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles. (Lucas 2, 7)

 

“Não havia lugar para eles”. Esta é a brutal expressão que dá origem àquilo a que chamamos Natal. Não são as luzes nem as ofertas, nem o gorducho Pai-natal vermelho da Coca-Cola, nem as visitas ao Menino, nem o peru ou o bacalhau, nem a árvore iluminada de incandescências e bolas brilhantes, nem o presépio cheio de leivas e pastores e ovelhas e casas mimosamente rurais, nem bolos-rei, nem as doçuras e bombons, nem árvores de natal gigantes e luminosidades a embebedar as ruas comerciais das nossas cidades. O Natal é um lugar onde não havia lugar para Jesus.

Os nossos presépios cheirosos e asséticos, com reis magos curvados e boizinhos e burrinhos amáveis, com uma Nossa-Senhora maviosa e um são José de cabeça à banda, um menino Jesus de cabelos loiros e olhos azuis, não são o Natal das Escrituras. Qual é a mãe que adoraria ver o seu filho nascer e ser acomodado numa gamela onde comem as bestas, numa cocheira a cheirar a estrume? O Natal das Escrituras não fala das lágrimas de Maria nem da angústia de José. Mas não é difícil adivinhá-las.

No Natal pensamos nos pobrezinhos, coitadinhos, e inventamos os extraordinariamente prolíficos cabazes de Natal, para narcotizar as nossas consciências sujas de desprezo pelos pobres. O que são os pobres hoje, perante um Menino que, há dois mil e vinte anos, não passou de um refugiado, enjeitado, filho de pobres de uma Nazaré esquecida, numa Belém abstrata e sem estrelas a não ser uma?

Pobres? Em que raio de pobres pensamos nós no Natal? O que é um pobre para nós, civilizados e com gravatas, missa do galo ao fim da consoada, ou sem missa do galo ou missa nenhuma, quando muitas vezes o Natal não passa de uma nédia celebração numa família que não existe nos outros dias do ano?

Nunca me esqueço daquele rapaz de onze anos que levou um valente pontapé na barriga, dado pelo pai, porque ficou a jogar aos berlindes connosco, quando lhe devia ir comprar cigarros à venda da freguesia.

Os pobres, aqueles que odiamos porque recebem subsídios e não trabalham, tirando dinheiro dos nossos bolsos, aqueles que gastam esse dinheiro na droga e no álcool, que roubam e nos atazanam a vida, têm o privilégio de nunca terem sido amados. O cérebro de um pobre desses é equivalente ao de uma pessoa em depressão: não tem passado nem futuro. Só tem um presente execrável de que se tem de livrar. Por isso compra carros e telemóveis e televisores, porque tem de esquecer que existe, que nunca foi amado. E quem nunca foi amado não tem razões para existir. Tem que empurrar a existência com a barriga para a frente, porque existir é simplesmente impossível. Porque é que os odiamos e temos a distinta desonra de nos chamar cristãos?

E lembro-me daqueles “agrobetos”, filhos de boas famílias, eventualmente cristãs, que vieram de Espanha até à Quinta da Torre Bela, chacinar 540 animais, encurralando-os e dizimando-os em pelotão de fuzilamento, provavelmente só para demonstrarem um record. Esses, que pagaram sete mil euros cada um para gozar do prazer de massacrar animais, a quem o Estado Português não fará nada porque é do terceiro mundo frente a Espanha, nasceram de rabo virado para a lua, filhos de boas famílias e de “boa educação”, tirando “selfies” diante da chacina, preparados para um doce Natal com carne de veado e canções suaves de “I Wish you a Merry Christmas”, com as cabeças e os cornos dos veados pendurados nas suas salas a cheirar a pinheiro. Serão felizes, enquanto os pobres, ausentes de amor e de sentido de vida, completamente arrasados porque ninguém nunca lhes declarou o direito à dignidade do amor, passarão um Natal a injetar cavalo nas veias.

Meus amigos. Eu renuncio a esse Natal. Eu renuncio a receber e a dar ofertas, eu renuncio às luzes e à árvore de Natal. Peço desculpa, mas não vou dar ofertas a ninguém. Não me permito a dar presentes simpáticos a quem não precisa deles, sem me lembrar do “Badofa” do bairro da Terra Chã, que nunca fez mal a ninguém senão a si próprio, que arrancou o seu corpo à heroína mas o entregou ao álcool, e não tem esperança de vida senão beber para não morrer e se benze todas as vezes que passa diante de uma igreja. E de muitos outros para quem o Natal será mais um dia para morrer devagarinho. É demais para mim, padre católico, que amo a Jesus Cristo mais que a qualquer coisa neste mundo. Eu renuncio a um menino Jesus de olhos azuis e cabelos loiros, enquanto os pobres que nós odiamos, como inconscientemente esquecemos o verdadeiro Menino Jesus, não tiverem lugar no presépio das nossas preocupações.

O meu Menino Jesus é o enjeitado, o perseguido e odiado, o abortado, o negro, o filho de uma família sem pão, o refugiado que não tem direito a viver.

Nasceu enfim o menino

Foi posto aqui à falsa fé

A mãe deixou-o sozinho

E o pai não se sabe quem é

 

É isto que diz “O Presépio de Lata” de Rui Veloso e Carlos Tê. Os meninos que nunca foram amados nunca terão a mínima hipótese de sobrevivência digna. E isso não tem cura. E o nosso desprezo é a sua tumba final.

É por isso que eu renuncio a este Natal.

*Este artigo foi publicado na edição desta sexta-feira do Diário Insular na rubrica Rua do Palácio

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Acerca de mim

Borges da Cunha
Leiria, Barreira, Portugal
Nascido em 1934, frequentou o extinto Externato D. Dinis, o Seminário Diocesano de Leiria, etc.. Cumpriu grande parte do serviço militar no antigo Estado da Índia onde se relacionou com a Cultura Hindu, mantendo aí velhas amizades desde os bancos do liceu Afonso de Albuquerque e Escola Normal Luís de Camões em Pangim tendo vindo a finalizar o Curso do Magistério em Coimbra no ano de 1959/60. Durante a sua passagem por Goa foi co-fundador da “Revista Académica”, órgão cultural da Escola Normal Luís de Camões. Exerceu a sua profissão durante trinta e tal anos em escolas do Ensino Primário, Cursos de Aperfeiçoamento Agrícola e Cursos de Adultos. Publicou alguns trabalhos para o Ensino Primário. Colaborou nas escavações das ruínas de Collipo sendo por isso agraciado com um louvor da Comissão Regional de Turismo de Leiria e que o Ministério da Educação confirmou. Cooperou com alguma assiduidade na imprensa regional e nacional sempre com intuitos interventivos. É sócio da Sociedade Histórica de Portugal (SHIP), da SEDES e a ADLEI. Foi agraciado com o Galardão da Câmara Municipal de Leiria e com o Medalhão da Junta de Freguesia da Barreira.
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